A atividade que é resultante do Edital 01/2014 - Apoio a Propostas de Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas do Nordeste do Brasil, PROJETO: “Veredas e Rimas da Caatinga na Arte de Conviver com o Semiárido” realizado pela Acrane, aconteceu na Sede da Associação de Mulheres de Lagoa da Volta – Porto da Folha/SE e teve como público alvo mulheres de comunidades camponesas, jovens dos cursos de musica e de teatro além de estudantes da rede pública municipal de ensino.
O evento teve como principal foco o debate acerca das visões de Semiárido ao longo dos tempos e como estas influenciam e corroboram para a construção de um imaginário popular em que a região ainda é sentida por uma grande parcela, apenas como seca tendo como símbolo vegetativo apenas o mandacaru. Ainda que quando instigados percebam outras realidades como: A cultura, diversidade de vegetação e sua gente.
Debater o trajeto de visões possibilita a compreensão de como o imaginário vai sendo construído a partir de músicas como Súplica Cearense, Triste Partida e tantas outras que colocam a região numa condição de fatalidade onde apenas a vontade de Deus pode socorrer.
Compreender as políticas de combate a seca inaugurada em 21 de outubro de 1909, pela Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) posteriormente rebatizada, em 1945, como DNOCS, transformam a seca, fator climático, em uma tragédia e assim encobrem os interesses daqueles que têm influência política ou são economicamente poderosos, que procuram eternizar o problema e impedir que ações eficazes sejam adotadas.
Forjam a idéia de que a água no Nordeste é insuficiente e assim encobrem que aqui existe água suficiente, mas o modelo econômico, do latifúndio e do capitalismo, a faz concentrada.
Foi dentro desse debate e reflexão que a pesquisa se inseriu. Pegando como referencial a área de Seu Osvaldo, morador da comunidade vizinha, Linda Flor, a pesquisadora bolsista do INSA, Iva Melo, apresentou a linha tempo da família tendo como marco fundante o casamento de seu Osvaldo e Dona Conceição em 1974 e seguiu até 2014. A partir dessa linha foi possível analisar a evolução de acessos a programas e políticas de convivência com o semiárido sentida mais fortemente após o ano 2000. Do mesmo modo é visível o avanço e fortalecimento da organização comunitária, no tocante a compra de terras, eletrificação rural, implementos agrícolas, assistência técnica, inclusão digital e crédito.
Assim, pode-se concluir que o semiárido é viável desde que haja políticas adequadas e que percebam o todo das necessidades e não apenas o acesso ou a falta de água.