Para Simone Lopes, assessora pedagógica da ASA Alagoas essa parceria “é bastante estratégica, são duas coisas importantes: a parceria e a comunicação. A Embrapa é uma grande empresa do governo e a ASA é uma grande rede de organizações da sociedade civil. Então é uma parceria que pode dar certo no sentido de aproximar mais uma empresa governamental na perspectiva do Semiárido, da agricultura familiar camponesa e a comunicação como um direito desses povos ”.
A primeira oficina, de um ciclo de três, contou com debates em torno da comunicação para convivência com o Semiárido e da comunicação para o desenvolvimento, além de apresentação das experiências da Agência de Notícias do Território Alto Oeste Potiguar, da Rede de Comunicadores e Comunicadoras da ASA Sergipe e do Coletivo Macambira. Também foram realizados momentos de oficinas de rádio e de fotografia. A proposta do Projeto de Lei da Mídia Democrática também foi apresentada e discutida como uma importante estratégia na luta pela democratização da comunicação e também que há necessidade de se pensar outros caminhos para essa luta no Semiárido brasileiro combatendo os latifúndios da terra, da água e do ar.
Avaliando a oficina Maria Clara Guaraldo, jornalista da Embrapa, afirma: “foi uma experiência muito emocionante de poder estar no campo e vê como a comunicação é importante. A gente fez visita, entrevistou agricultor, ouviu como o Plano Brasil Sem Miséria trouxe coisas boas para ele também. São coisas boas que a gente vê acontecendo que as organizações estão fazendo, e que a gente não vê no discurso hegemônico, a gente não vê na mídia. ”.
Ivaniza Leite, agricultora da comunidade quilombola Cajá dos Negros, no município de Batalha, afirma que a oficina fez ela perceber a necessidade de se comunicar melhor, “apesar de não ter experiência com rádio, a oficina me incentivou, agora vou procurar cada vez mais as rádios comunitárias para contribuírem com nossas lutas”. A radialista Amanda Camila, da rádio comunitária Tapera FM, do município de São José da Tapera conta que se tornou radialista há cerca de um ano e que momentos como esse de formação contribuem diretamente para melhorar seu trabalho. Ib Pita, da rádio comunitária EcoSertãozinho caracteriza a oficina como uma ampliação de visão: “poder enxergar além do que você está vendo no primeiro plano. Fazer uma leitura como diz o próprio Paulo Freire, não só do texto, mas sim do contexto do qual está inserido aquele acontecimento, aquele fato, em determinadas comunidades”.
Sobre a parceria ASA\Embrapa para realização da oficina Fernanda Cruz, coordenadora de Comunicação da ASA, elenca: “Um primeiro elemento é a ampliação da parceria com a Embrapa. A relação com a ASA é antiga, mas no campo da comunicação é algo novo e que gera um resultado bem significativo para gente quando pensamos na formação e na comunicação para mobilização social. Um segundo elemento que eu destacaria é que a medida que somos procurados pela Embrapa para realizarmos conjuntamente essa oficina, demonstra que estamos no caminho certo com relação à comunicação que estamos construindo e estabelecendo no Semiárido e que precisamos de oportunidades como essa para chegarmos a mais pessoas, levando o significado da comunicação para nossa luta no campo. ”.