A entidade Alagoas da Articulação pelo Semiárido (ASA), realiza na próxima semana o II Encontro de Sementes no Semiárido. Com o tema “Agricultura Familiar Camponesa na Luta por Direito, pela Soberania Alimentar e a Agrobiodiversidade no Semiárido”, o evento está voltado para a produção e o uso das sementes crioulas, e contará com a participação de mais de 120 pessoas em 10 delegações de Estados.

O evento será voltado para agricultores, lideranças do setor, representantes de instituições, governo estadual, federal e universidades. O encontro vai promover a troca de experiências entre as redes estaduais e suas diferentes iniciativas que buscam a preservação, melhoramento e multiplicação dessas sementes.

Segundo Mardônio Alves, coordenador em Alagoas da Articulação pelo Semiárido (ASA), outro objetivo é debater sobre a legislação brasileira e as normas internacionais que refletem direta e indiretamente nos direitos dos agricultores camponeses e camponesas e os impactos na forma de produção. “Queremos contribuir com a formulação de propostas de políticas públicas de sementes voltadas para a agricultura familiar camponesa do Semiárido e fortalecer a articulação entre as redes micro-regionais e estaduais de sementes”, salientou.

O II Encontro de Sementes no Semiárido tem o apoio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Articulação Nacional de Agroecologia.

O Seminário acontecerá no Hotel Matsubara, em Cruz das Almas, entre os dias 6 e 8 de julho. A abertura oficial será às 18h30 do dia 6. Às 19h30, haverá a mesa com o tema “Ameaças às sementes e ao patrimônio genético das comunidades rurais e da agricultura familiar camponesa”.

Bancos de sementes

As sementes crioulas são aquelas produzidas pelos próprios agricultores, já adaptadas a cada região. Elas são diferentes das sementes comerciais produzidas e vendidas em lojas. As crioulas são desenvolvidas na própria região do agricultor e são adaptadas ao semiárido, ao solo, ao clima.

“Elas geralmente são armazenadas pelos agricultores em bancos comunitários de sementes. Assim, quando chega o período de plantio, eles têm mais autonomia, mais independência, pois basta ir ao banco e retirar a quantidade de que precisam. Depois, quando colhem sua produção, destinam uma parte das sementes para o mesmo banco”, explicou Mardônio Alves

Para apoiar os agricultores que trabalham com bancos comunitários de sementes, o governo do Estado, por meio da Seagri, está realizando 600 oficinas de capacitação para gestão desses bancos. “Até agora já foram realizadas 300 oficinas, todas ministradas por entidades credenciadas”, frisou a diretora de Programas Especiais, Cristina Cavalcante.

“Nosso objetivo é fortalecer os bancos comunitários que já existem e implantar outros, num total de 600 unidades, além de equipar os bancos comunitários de ferramentas”, destacou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Jorge Dantas.

“Essas ferramentas também são usadas de forma coletiva e reduzem os custos de produção dos agricultores. Entre elas estão plantadeiras, arados, batedeiras e peneiras”, citou o secretário.

Os bancos comunitários possuem principalmente sementes crioulas de feijão, mas eles podem ter também sementes de abóbora, melancia, fava, milho, batata, entre outras culturas. Ainda segundo Mardônio Alves, o uso das sementes crioulas dá ao agricultor mais autonomia, a produtividade é boa e este uso está atrelado à prática da agroecologia. “Outro ponto desse contexto é a organização da comunidade, que se associa para usar o banco comunitário de sementes”, comentou.