A Cáritas Brasileira Regional do Piauí levou 12 agricultores do município de Monsenhor Hipólito para visitarem, nos dias 24 e 25 de junho, experiências em agricultura agorecológica nos municípios de Araripina, Ipubi, Exu e Ouricuri, todos em Pernambuco. Nas visitas os agricultores conheceram um pouco do modo de produção respeitando o meio ambiente, técnicas alternativas ao uso de agrotóxicos, manejo de sistema agroflorestal, beneficiamento de frutas, feira agroecológica e organização comunitária.
Todos os agricultores são de famílias beneficiárias de cisternas-calçadão da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), reservatórios de 52 mil litros destinados à produção de alimentos a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias. Nos locais visitados eles também puderam visualizar como as famílias de Pernambuco tem feito o manejo da água da cisterna para o melhor aproveitamento na produção.
No município de Exu, o grupo visitou a experiência de manejo agroflorestal dos agricultores Vilmar Lermen e Maria Silvanete Benedito na comunidade Serra dos Paus Dóias. O casal utiliza o sistema de cultivo agroflorestal, que, em seu manejo, mistura plantas anuais, forrageiras, frutíferas, adubadoras e nativas. Nesse tipo de cultivo não se utiliza fogo, venenos ou adubos químicos.
“Agrofloresta é uma mistura de plantas e experimentos que criam uma relação entre si. O controle das formigas, por exemplo, é feito utilizando a manipueira da mandioca, as pantas iscas ou as repelentes”, explica Vilmar. A família utiliza a borra da manipueira, que é riquíssima em cálcio, para adubar o solo, principalmente para o plantio de melancia, tomate e maracujá.
Já o agricultor Heleno Eduardo do Nascimento, da comunidade Samambaia, município de Araripina, tem uma receita diferente para tratar das pragas: uma solução feita a base do Nim (Azadirachta indica). No seus canteiros de hortaliças ele só usa os Defensivos Naturais (como são chamados os repelentes naturais) e utiliza a rotação de culturas. “Toda vez que se retira a produção de alface, por exemplo, se coloca outro tipo de hortaliça no local, para não desgastar o solo e produzir sempre com a mesma qualidade”, esclarece Heleno.
Oportunidade
Segundo José de Ribamar, da Chapada do Sítio em Monsenhor Hipólito, as experiências vivenciadas dão uma vontade maior para os agricultores que participam dos intercâmbios de produzirem alimentos. “Aqui a gente vê que dá certo, é só experimentar sem ter medo. É uma oportunidade não só de conhecer o que as outras famílias estão produzindo, mas também trocar conhecimento, ensinar o que a gente sabe e ver o que eles sabem para melhorar a nossa vida”, afirmou o agricultor.