A cisterna para uso da família vai servir também para a comunidade escolar. A tecnologia social, que acumula água da chuva para suprir as necessidades de consumo humano que já atendeu a mais de 300 mil famílias, será estendida para escolas rurais de nove estados do Semiárido brasileiro. Nas unidades de ensino, os reservatórios terão sua capacidade ampliada para 52 mil litros. As cisternas de uso doméstico ou familiares armazenam 16 mil litros de água de chuva.
No primeiro ano da iniciativa (2010-2011), intitulada Cisterna nas Escolas - um projeto do Programa 1 Milhão de Cisternas da Articulação no Semi-Árido (ASA) - serão construídos 843 reservatórios nos estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
A Bahia, cujo território semiárido corresponde a 69% de sua área total, terá 356 (42% do total previsto) cisternas construídas em escolas. A região semiárida se caracteriza por chuvas concentradas e grande índice de evaporação, situação onde reservatórios fechados são essenciais para diminuir a perda de água.
No estado, uma das 13 organizações da sociedade civil responsáveis pelo Projeto Cisternas nas Escolas é o Centro de Assessoria do Assuruá (CAA). A entidade construirá 55 cisternas em seis municípios - Mulungu do Morro, Iraquara, Barra, Itaguaçu da Bahia, Brotas de Macaúbas e Ipupiara. Serão beneficiadas 55 escolas do campo, onde estudam 3.726 crianças.
As escolas selecionadas, em sua maioria, possuem infraestrutura precária e, entre os principais problemas, está a falta de água. O abastecimento é feito através de carros-pipa e outras fontes como barreiros, cacimbas e poços, geralmente distantes das unidades escolares e com água imprópria para consumo.
A construção das cisternas nas escolas atendidas pelo CAA vai começar em novembro. Atualmente, a entidade está articulando parcerias para que o Projeto seja gerido pela comunidade escolar e poder público local.
De acordo com o coordenador do P1MC, Domingos Antônio, o projeto está sendo bem recebido por todos, principalmente professores e alunos. Para ele, um dos fatores é a expectativa de que as cisternas possam garantir a permanência das crianças nas escolas durante todo o ano letivo.
“Sabemos que os índices de evasão escolar nas escolas do campo ainda são alarmantes e um dos fatos é a falta de água para beber. Com o projeto vamos desenvolver um processo de formação com a comunidade escolar para a cisterna ser um instrumento pedagógico no fortalecimento da convivência com o semiárido, principalmente entre as crianças, para que elas cresçam valorizando a nossa cultura”, disse.
Além disto, este projeto tem um forte componente de mobilização social de toda a comunidade escolar e governo municipal. As prefeituras devem assumir algumas contrapartidas para a realização do Projeto, que vão desde a liberação dos professores para participarem das capacitações promovidas pelo projeto até pautar a discussão sobre Educação Contextualizada no município, passando pela participação na gestão da água da cisterna após a sua construção.
O Projeto Cisternas nas Escolas é realizado pela Articulação no Semi-Árido (ASA Brasil) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a Agência de Cooperação Espanhola e o Instituto Ambiental Brasil Sustentável e apoio do Unicef.
Por Juliany Mota, do CAA, e Verônica Pragana, da ASACom
Fonte: ASACom