O lançamento do Dossiê Perímetros Irrigados aconteceu ontem pela manhã.O auditório lotado do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi mostra a importância do momento. O documento com mais de 600 páginas que denuncia os projetos de perímetros irrigados da região da Chapada do Apodi, revela os impactos negativos sofridos pelas comunidades desapropriadas e pelas que ainda convivem no entorno desses grandes projetos de irrigação nas regiões do: Jaguaribe-Apodi (CE), Tabuleiro de Russas (CE), Baixo Acaraú (CE), Baixo Assú (RN) e Santa Cruz do Apodi (RN).

Estavam presentes no lançamento do Dossiê Perímetros Irrigados e a expansão do agronegócio no campo: quatro décadas de violação de direitos no semiárido, organizadores do documento, movimento 21, grupo de pesquisadores e pesquisadoras das universidades federais e estaduais do Ceará, Ser-tão de assessoria jurídica popular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, diversos movimentos sociais e agricultores e agricultoras da Chapada.

Depois de tantas lutas e conquistas, o projeto do Perímetro Irrigado de Santa Cruz surge como uma grande ameaça à vida dos agricultores e agricultoras locais. Além da retirada do povo do local, a degradação do solo e da água, o projeto prevê entregar as terras para empresas do agronegócio, colocando em risco a vida dos trabalhadores e trabalhadoras que vão trabalhar diretamente com os agrotóxicos como a população, de um modo geral, que consumirá alimentos envenenados.

Após um rico debate entre os presentes, ficou no ar a pergunta: qual o próximo passo? Bernadete Freitas, professora e pesquisadora que contribuiu na confecção do dossiê, responde que “o projeto de Perímetro Irrigado é um problema de todos e de todas. Por uma questão de saúde pública, especialmente, este debate precisa ganhar também os espaços urbanos, pois os alimentos que consumimos também são contagiados pelos agrotóxicos, e o desenvolvimento do projeto acarreta problemas estruturais e sociais para a cidade. Nosso desafio é unir o campo e a cidade nesta luta por direitos, nesta luta pela vida”. E encerra a fala cantando: “A chapada é nossa. A chapada é do povo. É só lutando que será nossa de novo”.

Ainda respondendo a pergunta sobre a continuidade da resistência aos perímetros, a doutora Raquel Rigotto afirma a importância da luta que se tornou nacional e até internacional, mencionando as ações da Marcha Mundial das Mulheres que – em mais de 64 países – que dizem #SomosTodasApodi e reforça que a terra e a água, os investimentos dinheiro público devem ser para a agricultura familiar e para uma melhor convivência com o semiárido. Edilson Neto, presidente do STTR de Apodi, encerra a manhã do lançamento com a esperança de unir as lutas e lutar até a vitória. O auditório se anima e todos e todas gritam fortemente: Lutar e resistir pela Chapada do Apodi! A luta continua.