Manifestantes fecharam a Av. Mor Gouveia no sentido Centro.

Polícia Militar acompanha de perto os protestos.

Manifestantes da #RevoltadoBusão, Movimento dos Sem Terra (MST) e Grito da Seca (promovido pela Federação dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Norte - Fetarn), interditaram o cruzamentos das avenidas Jaguarari e Capitão Mor Gouveia. A Polícia Militar acompanha de perto os protesto. Até o momento não há registro de confrontos.

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O movimento #RevoltadoBusão partiu do viaduto de Ponta Negra por volta das 8h40. Os manifestantes cobram a revogação, por parte da Prefeitura de Natal, do aumento dado à tarifa de ônibus em Natal, que subiu de R$ 2,20 para R$ 2,40 neste último sábado (18), além de melhorias no transporte público da capital.

Na pauta do movimento ainda consta: divulgação pública anual das planilhas de ganhos e gastos do Seturn; direito de pagamento em espécie da meia passagem estudantil; volta das linhas 03 e 45 Campus da UFRN; volta da antiga rota das linhas 48 e 66 passando pelo Campus da UFRN; fim da dupla função cobrador/motorista; e retorno das linhas 03 e 28.

A ideia inicial era interditar a BR-101, mas, diante da decisão do juiz federal Magnus Delgado proibindo a interdição da via, os manifestantes decidiram seguir em caminhada até o Centro Administrativo. Lá, eles se encontraram com o Movimento dos Sem Terra e seguiram juntos rumo à Central de Abastacimento da Conab, no cruzamento das avenidas Mor Gouveia e Jaguarari.

Grito da Seca e MST

Segundo Maria Elizabeth, representante da Fetarn, o Grito da Seca é anual e também acontece em outro lugares do Brasil. “Vamos ao Centro Administrativo apresentar nossas pautas à governadora”, afirmou. Membros do MST acompanham o protesto.

A pauta de reivindicações que será entregue à governadora Rosalba Ciarlini destaca pontos como a questão da terra, recursos hídricos, assistência técnica, concessão de crédito aos agricultores, educação no campo e segurança.

Na semana passada, o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex) anunciou o cancelamento da edição 2013 da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit, que aconteceria de 10 a 12 de julho, em Mossoró. Em nota, a organização do evento informou que o cancelamento se deu por dificuldades financeiras vividas pelos produtores, em especial os que trabalham em pequenas unidades produtivas, devido à prolongada estiagem, além da situação de calamidade provocada pela escassez de chuvas em todo o Nordeste.

De acordo com o vice-presidente da Fetarn, Francisco José, o maior problema hoje é a falta de uma política definida de convivência com a estiagem. “Muitas ações são anunciadas, mas grande parte esbarra na burocracia e não sai do papel. Não existe uma política permanente de enfrentamento da seca”, afirma.

Um levantamento realizado pela Fetarn aponta que os prejuízos provocados pela seca à economia potiguar chegam aos R$ 5 bilhões. Segundo Francisco José, a grande preocupação, neste momento, é com o desequilíbrio da economia rural. “A situação é grave, e nós já perdemos 60% do rebanho bovino por causa da estiagem”, ressalta o vice-presidente, completando que o problema da seca não é só do campo: “A seca é uma questão que diz respeito também à cidade. Se o Governo não tomar as providências necessárias, é possível que haja racionamento de água até em Natal”.

Após a mobilização, os agricultores vão continuar em Natal para negociar com outros órgãos, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Flores e corações

Em resposta à Justiça, que autorizou as polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar a usarem a força para impedir a interdição da BR-101 durante protesto marcado para a manhã desta terça (21) na capital potiguar, o movimento afirmou que usará flores e corações. “Temos a arte e a cultura como instrumento de diálogo. Nós queremos o debate, não o embate. Vamos usar flores, vamos escrever mensagens de paz, pintar corações no asfalto”, afirmou Tiago Aguiar, membro do comitê de comunicação do #RevoltadoBusão.

Na manhã desta segunda-feira (20), durante mais um #RevoltadoBusão, vários manifestantes tinham flores nas mãos e vestiram branco, também em resposta a ação policial durante o manifesto realizado na semana passada, quando as polícias Rodoviária Federal e Militar usaram bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, balas de borracha e spray de pimenta contra os manifestantes. A polícia diz que agiu em represália a ação de alguns jovens que arremessaram pedras nos policiais. Os manifestantes rebateram, dizendo que o movimento seguia pacífico até a polícia agir com violência. No final da confusão, sete manifestantes foram presos. A PM informou que três policiais ficaram feridos e divulgou foto de um deles lesionado.

Ainda na semana passada, a Câmara Municipal de Natal aprovou pedido de revogação do aumento da tarifa nos ônibus. O prefeito Carlos Eduardo ainda não se manifestou sobre o pedido, mas informou que, em até 15 dias, enviará uma proposta de licitação para as linhas de ônibus da cidade para que os vereadores apreciem o projeto. Por enquanto, o aumento está mantido. O novo valor, de R$ 2,40, começou a valer neste último sábado (18).