Segundo Ricardo Imai, 42 anos, sócio da Modclima, empresa que criou a técnica, a ideia das chuvas artificiais partiu de seu pai, o engenheiro mecânico Takeshi Imai. “Ele trabalhava com implementos agrícolas e tinha uma empresa que produzia motosserras e herbicidas para derrubar árvores. Entretanto, decidiu parar e começou a estudar o processo de crescimento das nuvens de chuva, no intuito de contribuir com a natureza”, conta o filho.
E o processo funciona mais ou menos assim. O avião entra nas nuvens cumulus, que concentram alta umidade, e lança as gotas d’ água, que “pegam carona” nos ventos ascendentes. Dentro da nuvem, elas se juntam e formam a chuva, que cai em local previamente determinado. A precipitação ocorre 30 minutos depois do início da operação. O trabalho é realizado a partir de um avião bimotor equipado com um tanque de 300 litros e um mecanismo que controla o tamanho das gotículas dispersadas.
A chuva artificial foi desenvolvida para ajudar a sanar problemas em sistemas de abastecimento de água em áreas urbanizadas, alimentar nascentes de rios em regiões de forte seca e para prevenir incêndios florestais em reservas e parques nacionais.
Mas vale dizer: um longo processo de busca das nuvens ideais antecede as chuvas artificiais. Radares meteorológicos instalados em Bragança Paulista (SP) ajudam na “caça”, juntamente com imagens de satélite. “Passamos horas monitorando o deslocamento das nuvens, para saber se elas vão para as áreas de interesse e se podem ser semeadas com as gotículas de água. Às vezes, temos que esperar muito tempo", salienta Ricardo Imai.
Segundo estudo da Agência Nacional de Águas, 93 cidades brasileiras sofreram com fortes secas em 2010 e outros 490 municípios tiveram graves períodos de estiagem. A técnica da empresa de Ricardo Imai foi apresentada em 2010 na Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas (UNCCD), realizada na Alemanha. Segundo Heitor Matallo, coordenador regional para a América Latina e Caribe da entidade, o método brasileiro de realizar de chuvas artificiais foi considerado não poluente em ações contra a desertificação em determinados países.
“É possível que a ONU utilize esta tecnologia, mas precisamos testá-la em diversos ambientes para comprovar sua eficácia. O governo brasileiro precisaria apresentar esta prática para que a Organização das Nações Unidas faça a recomendação desta técnica”, informou Matallo, de seu escritório no México.