Um produto em alta no mercado internacional vem chamando a atenção dos agricultores piauienses. O mel, aos poucos, alcança um espaço cada vez mais importante na economia brasileira.
Os dados impressionam: o Nordeste é responsável por 40% das exportações de mel no país; o Piauí responde por 50% desse total; e aproximadamente 3 mil toneladas de mel são produzidas pelos 42 municípios que compreendem a macrorregião de Picos.
A boa aceitação dos produtos apícolas brasileiros no mercado internacional deve-se principalmente ao uso das matas nativas, que servem como alimento para as abelhas. As floradas limpas de inseticidas e agrotóxicos agregam valor ao produto, garantindo retorno financeiro ao produtor que investir na apicultura.
O consumo
A produção interna é alta, mas o consumo do produto não é um hábito comum entre as famílias brasileiras. Segundo dados do SEBRAE, cada brasileiro consome em média 120 gramas de mel por ano, enquanto nos países da União Europeia esse índice gira em torno de 1,5 kg por pessoa.
Para Thiago Oliveira, da Wenzels Apicultura, empresa pioneira no setor, as exportações garantem a subsistência de quem trabalham no ramo da compra e venda de mel, uma vez que o mercado interno não tem condições de absorver toda a produção. “O brasileiro não sabe consumir mel por entender que esse é um produto para a saúde. Outros países entendem o mel como um alimento e o colocam na mesa diariamente”, comentou.
A exportação de mel envasado, ou produto final, ainda é uma realidade distante para os exportadores brasileiros. Os motivos variam e vão desde a qualidade do produto às técnicas de envase, poucos sofisticadas se comparadas às de empresas do mercado internacional. Enquanto isso, o mel é enviado para fora como matéria-prima, em tambores de metal (300 Kg), ou embalagens a granel (25 Kg).
Na região de Picos, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro – Casa Apis, vem modificando a realidade dos apicultores. A entidade conta atualmente com 900 associados, desenvolvendo a economia solidária e fortalecendo a agricultura familiar. Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis, ressalta que os produtores de mel tem uma nova concepção sobre o valor agregado ao seu produto quando utilizam técnicas que favorecem a preservação do meio ambiente. “A apicultura tem dado uma excelente contribuição à natureza na medida em que se faz a troca do machado pela colmeia. Isso é geração de consciência ecológica”, explica.
A produção
Quando as floradas da região chegam ao fim, com o término no período chuvoso, os agricultores dão início à apicultura migratória, deslocando os enxames até regiões de outros estados onde ainda exista alimento para as abelhas.
O inverno nordestino é caracterizado pelo início do período chuvoso. Com as aguadas, as plantas começam a aflorar e então tem início o período de produção de mel nas colmeias. A safra dura em torno de cinco meses, após esse período as abelhas entram em processo de hibernação, aguardando o reinício das floradas. Para apicultores profissionais, o fim das chuvas representa o momento de transferir as colmeias para regiões onde ainda exista alimento para as abelhas.
Em razão dos custos, a apicultura de migração é mais comum entre os médios produtores. Mas também está se tornando hábito entre os pequenos, que se unem em grupos para dividir as despesas e assim conseguir lucros razoáveis
As exportações
Mais da metade da produção de mel absorvida pela Casa Apis é vendida aos Estados Unidos. A Wenzels Apicultura exporta principalmente para os países da União Europeia.