Na Paraíba, somente no ano passado (2010) mais de 53 mulheres foram violentamente assassinadas no estado. Se olharmos um pouquinho para o lado o número é ainda mais assustador, no Ceará, 153 mulheres foram assassinadas em 2010. Adicionando a esta soma ainda a cidade de São Paulo, chegamos a mais de 350 mulheres mortas, neste mesmo ano. O que mais assusta nesses casos, é que os agressores-assassinos, em sua maioria, tratam se de maridos, companheiros, namorados, ex-maridos, ex-companheiros, ex-namorados.
Com essa e outras preocupações, que perpassam a histórica luta das mulheres em todo o mundo, e principalmente no nordeste brasileiro, que um grupo de mulheres que compõe a ASA - Articulação do Semiárido, da Paraíba, decidiram se organizar através do GT Mulheres da ASA no estado.
Inicialmente, durante a realização do 5º Encontro Estadual da Agroecologia, o grupo se reuniu a partir de uma comissão, a qual se propunha a levar o debate de gênero para dentro das redes temáticas e ações desenvolvidas pela ASA. "Diante do trabalho que estávamos desenvolvendo, através da ASA-PB, percebemos a falta de visibilidade do papel das mulheres com relação à agroecologia. Antes só se falava sobre o agricultor experimentador, faltava abordar a participação das mulheres no resgate e valorização das sementes da paixão e na própria experimentação”, relata Maria da Glória Araújo, Coordenadora da ASA-PB e do PATAC.
Para o grupo, pautar a convivência com o semiárido e a agroecologia é também pautar a equidade de gênero e a construção de novos valores, novas relações entre pessoas e com a natureza. E nesse sentido, as mulheres do semiárido vêm cumprindo, durante séculos, o papel de guardiãs do patrimônio genético dessa região. Com isso, o GT vem discutindo a importância de construir a conexão entre Feminismo e Agroecologia. Tendo em vista que se trata de duas perspectivas de mudanças sociais e culturais que dialogam entre si e se complementam.
Diante da realidade das mulheres atualmente no país e principalmente na Paraíba, as mulheres da ASA propõem os temas relacionados à Violência contra a Mulher e a Saúde da Mulher como principais pontos a serem discutidos nas microrregiões de atuação da ASA.