O governador Eduardo Campos (PSB) anuncia hoje à tarde, no Palácio do Campo das Princesas, a criação da Secretaria-executiva de Agricultura Familiar. A iniciativa atende a uma antiga reivindicação dos movimentos sociais e ocorre cerca de 15 dias após o diretor-administrativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Aristides Santos, criticar a falta de atenção do governo. A secretaria-executiva será vinculada à estrutura organizacional da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária.

O escolhido por Eduardo para o cargo é o engenheiro agrônomo Aldo Santos, diretor da Articulação do Semiárido Pernambucano (ASA-PE), uma rede que congrega entidades como sindicatos, cooperativas e organizações não governamentais.

De acordo com o governo, as atribuições da nova secretaria-executiva serão planejar e coordenar atividades relacionadas ao fortalecimento da agricultura familiar. Os últimos detalhes para conceber a pasta foram acertados durante uma reunião, na última sexta-feira, com representantes do Fórum dos Movimentos Sociais, formado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a ASA. Do governo, participaram os secretários Ranilson Ramos (Agricultura e Reforma Agrária) e Sileno Guedes (Articulação Social e Regional). O deputado estadual eleito Manoel Santos (PT), ex-presidente da Contag também participou da reunião.

Pernambucano natural do município de Altinho (Agreste), Aldo Santos tem ligação com os movimentos sociais do campo desde 1989. Com mestrado em Administração Rural pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), ele – juntamente com mais dos diretores da ASA – foca a atuação da entidade na construção de cisternas para reserva de água para consumo humano e produção de alimentos. Segundo ele, o convite para o cargo ocorreu depois que Ranilson foi designado para ser titular da pasta de Agricultura e Reforma Agrária.

“A secretaria-executiva vai ajudar na verticalização com as políticas nacionais, ajudando a atrair mais recursos para esta área”, disse ele, comemorando o “passo significativo” do governo.

FOGO AMIGO

No início do mês, Aristides Santos – ex-dirigente da Fetape e hoje na Contag – afirmou à coluna Pinga-fogo que o governo agia com “descaso”, cobrando a criação de uma secretaria para o desenvolvimento agrário. “Os movimentos sociais não estão sendo ouvidos pelo governo. Sequer somos recebidos. Ou seja, o governador não faz jus ao discurso dele de que a Fetape foi importante para sua eleição”, cobrou o diretor da Contag, na ocasião.

Aristides cobrava a fatura pelo apoio da entidade na eleição de Eduardo, ainda em 2006. No primeiro turno, a entidade se dividiu entre Eduardo e o então candidato ao governo Humberto Costa (PT), hoje senador eleito. A divisão equilibrada na primeira etapa permitiu, segundo Aristides, o apoio total a Eduardo no segundo e decisivo turno. O Jornal do Commercio tentou contato com o dirigente da Contag ontem para comentar a criação da pasta, mas não obteve êxito.