A associação Conviver, situada em Mirandiba, um remoto município do semi-árido de Pernambuco, é um exemplo de cooperativa que organiza os agricultores para que possam vender seus produtos a um preço justo e obtenham o máximo rendimento de suas colheitas.
Mirandiba, situado 423 quilômetros ao oeste de Recife, tem cerca de 15 mil habitantes, a metade deles camponeses cuja única renda provém do cultivo de alface, mandioca, beringela e frutas.
"Há uma maquinaria nacional para enfrentar e os agricultores não têm muita experiência com isso", reconhece Dorivaldo de Sá, conhecido como 'Vavá', coordenador da Conviver.
Segundo 'Vavá', os pequenos agricultores enfrentam muitas dificuldades para vender seus produtos, pois é impossível concorrer com os preços das empresas que monopolizam o mercado.
Com apoio e assessoria da ONG internacional ActionAid, a Conviver conseguiu entrar no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Fome Zero, pelo qual o Governo Federal compra os produtos de pequenos agricultores e os distribui nas escolas públicas da região.
Graças às subvenções e ajudas estatais, 60% das 468 famílias inscritas no programa conseguiram construir cisternas caseiras, além de receber orientação para obter o máximo rendimento dos cultivos.
No entanto, a dura concorrência não é o único obstáculo dos agricultores, que também enfrentam a recorrente escassez de chuvas no sertão pernambucano.
Em Mirandiba, como em boa parte do Nordeste, os agricultores dependem dos caminhões-pipa do Exército, que aparecem quando podem.
Durante a época de seca, entre maio e novembro, a colheita se reduz drasticamente e, por isso, alguns acabam migrando a zonas agrícolas mais produtivas.
Cansados de depender das condições meteorológicas para sobreviver, muitos habitantes do Nordeste abandonam a região para trabalhar com 'bicos' no Sudeste.
Para combater o êxodo, a Prefeitura de Mirandiba apoia a iniciativa da Conviver. "A agricultura familiar é a base de tudo e queremos recuperar um município que o povo considera totalmente destruído", declarou à Agência Efe o prefeito Bartolomeu Tiburtino.
Ele reconhece que ainda há muito a fazer antes de pensar nas estratégias de expansão do mercado agrícola de Mirandiba.
Entre elas estão a reforma das precárias escolas rurais e a compra de frigoríficos para armazenar as frutas dos camponeses.
Apesar do avanço que representou para a vida dos agricultores, o PAA também tem desvantagens, como o excesso de burocracia para ter acesso às ajudas e o limite de produtos que podem ser vendidos ao programa.
Por esse motivo, a cooperativa procura formas de melhorar as condições daqueles que não querem depender unicamente de programas sociais e desejam industrializar a produção.