A caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é conhecida como cenário de histórias do cangaço e dos heróis do escritor Ariano Suassuna; e por ser a terra do xote, do xaxado e do baião. Porém, poucos conhecem as riquezas ambientais da região que abriga 13 milhões de pessoas e está presente em 10 estados brasileiros. Esse bioma, encrustrado no semiárido, está agora ameaçado de extinção pelo crescente desmatamento de sua vegetação original. A constatação foi feita no estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que monitorou entre 2002 e 2008 todo o bioma.
Atualmente, a caatinga possui pouco mais da metade de sua cobertura vegetal original, cerca de 53,62%. O monitoramento também revelou que, no período em que foi realizado o estudo, o território devastado foi de 16.576km², o equivalente a 2% de toda a área. “Esse índice é considerado alto, pois a região figura como a mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, com forte tendência à desertificação”, aponta Mauro Pires, diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do MMA (DPCD).
Para combater a devastação do bioma do semiárido, está sendo elaborado o plano de ação interministerial para Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga (PPCaatinga). A proposta pretende integrar e articular iniciativas dos diversos órgãos dos governos federal e estaduais para implementar ações como o combate e controle do desmatamento e o fomento a atividades sustentáveis. A PPCaatinga deve sair do papel até o fim do semestre.
Entre as ações mais importantes, está o investimento e o desenvolvimento do manejo florestal — conjunto de técnicas empregadas para colher cuidadosamente parte das árvores grandes, de tal maneira que as menores, a serem colhidas futuramente, sejam protegidas. De acordo com os dados do estudo, a principal causa da destruição da caatinga é a extração da mata nativa para ser convertida em lenha e carvão vegetal. O combustível é destinado principalmente para alimentar os fornos dos polos gesseiro e cerâmico do Nordeste, e, também, para o setor siderúrgico de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Manejo
Segundo Pires, já existem experiências bem-sucedidas no semi-árido com o manejo florestal da caatinga, feito por ONGs, comprovando que essa solução pode ser uma boa alternativa tanto para o desenvolvimento da região, como para a conservação do bioma. “Com a adoção do manejo, a produção de madeira pode ser contínua ao longo dos anos. Os benefícios econômicos do manejo florestal superam os custos”, explica.
A criação e a ampliação de unidades de conservação é outro ponto indicado como fator importante para a proteção do bioma. A caatinga tem apenas 7% de áreas protegidas, sendo que 2% são de proteção integral e os outros 5% são de unidades de conservação de uso sustentável. “Queremos ampliar áreas que tenham atrativos do ponto de vista do turismo, mas que tenham também importância biológica&r