Juazeiro (BA) - "As pessoas chamam aqui de fim de mundo, mas é aqui que eu nasci e é aqui que eu quero permanecer". Essa frase é da agricultora Maria Joelma da Silva Pereira, do município de Cumaru (PE), agreste setentrional do estado. A história de Maria é como a de muitas pessoas que vivem no Semiárido brasileiro, ela saiu do local onde nasceu para trabalhar na capital Recife (PE) e, como muitos, encontrou mais dificuldades do que tinha no seu local de origem. A diferença é que Maria retornou a Cumaru (PE) há 15 anos e hoje vive "bem", como faz questão de frisar. Ela e seu marido plantam diversas espécies de verduras, hortaliças, frutas, além de criar diferentes espécies de animais, como galinha, porco, bode e vaca.
Esse sertão produtivo e rico em diversidade é o que o 7º Encontro Nacional da Articulação no Semiárido (EnconAsa) mostrou no final do mês de março, em Juazeiro (BA). Maria foi uma das participantes do evento, que contou com agricultores de Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Maranhão.
"Aqui que eu nasci e é aqui eu quero permanecer", declara Maria Joelma da Silva
A Articulação no Semiárido (Asa) completou 10 anos e o foco do trabalho da organização está na instalação de cisternas, por meio do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) e do Programa 1 Terra, 2 Duas Águas (P1+2). Maria Joelma foi uma das beneficiadas do P1MC em 2004 e, desde então, sua produção só tem crescido.
A agricultora conta que em seu município muitos trabalhadores vão embora durante a adolescência em busca de trabalho pela dificuldade de acesso a direitos básicos, como água e educação. "As condições no Semiárido só são ruins se não temos acesso à água e à terra. Tendo isso, somo somos criativos, inovamos e conseguimos nos manter muito bem. Muitas pessoas vão trabalhar na cidade, mas lá a situação é muito pior. É muita exploração no trabalho para ganhar uma miséria e ficar longe da família".
O aliciamento de trabalhadores em regiões do Semiárido ocorre com frequência por conta da vulnerabilidade social. "O sertão é um local de aliciamento de pessoas para o trabalho escravo. No município de São José de Piranhas (PB), por exemplo, mais de mil pessoas já saíram para trabalhar no corte de cana, no ano passado, na época da safra", relata Arivaldo Sezyshta, coordenador do Serviço Pastoral do Migrante na Paraíba. Segundo Arivaldo, locais como Pernambuco e Piauí, além de "expulsar" trabalhadores, são locais que recebem muita mão de obra por causa dos canaviais. "E as condições de trabalho, normalmente, são muito ruins, sem equipamentos de proteção, alojamentos precá