Uma mística em comemoração ao Dia Mundial da Água deu início ao VII Encontro Nacional da Articulação no Semiárido (EnconASA) nesta segunda-feira (22) em Juazeiro (BA). As atividades acontecem até sexta-feira (26) no complexo mutieventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Unifasv), às margens do Velho Chico.

O encontro marca os dez anos da Articulação no Semiárido, que surgiu para auxiliar os habitantes da região a conviver com as condições climáticas locais.

Para o coordenador da ASA no estado da Bahia, Naidison Baptista, o sucesso da iniciativa se deve, sobretudo, à ousadia dos agricultores que, há dez anos, lançaram a idéia de uma convivência harmoniosa com o semiárido.

“Nós celebramos o fato de que a ASA conseguiu pautar a idéia da convivência com o semiárido em nível nacional. Isso mostra que nós somos capazes, produtores de conhecimento e donos do nosso destino”, avaliou.

Para essa convivência, os camponeses propuseram a construção de cisternas como forma de combater a falta d’água para consumo humano, então a principal necessidade das famílias. Além disso, a ASA incentivou atividades como agroecologia, economia solidária e o respeito ao meio ambiente.

Hoje, já foram construídas 288 mil cisternas, beneficiando mais de 1,2 milhão de pessoas, e a expectativa é de que o número de cisternas chegue a um milhão, dentro do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC).

“O semiárido é possível de ser vivido, desde que sejam adequadas a ele políticas próprias ao seu clima e ao seu povo”, afirmou Baptista.

O coordenador da ASA parabenizou ainda o empenho de todos os camponeses e de parceiros das obras, como o governo federal, que tem mudado a visão estereotipada do semiárido.

“A gente queria projetar uma imagem de semiárido com vida, não com carcaças de animais, solo rachado e agricultores incapazes que precisavam de esmola e de políticas assistencialistas”, enfatizou.

Atualmente, a ASA conta com mais de mil entidades e está presente em todos os estados do Nordeste e em parte de Minas Gerais.

Relatos

As dificuldades antes da implantação da ASA foram resgatadas por Delzuita Ferreira Alves, de 64 anos, moradora do município de Remanso, na Bahia.

“Nunca vou esquecer da angústia que passei. Na minha casa não tinha água para cozinhar e nem para beber,” relembra.

Segundo ela, a situação da família começou a melhorar com o nascimento da ASA e com a construção de cisternas para guardar a água da chuva. Para a agricultora, porém, a mobilização dos trabalhadores foi a maior diferença.<