Convocados pela Academia Brasileira de Ciências, cerca de 60 especialistas de alguns dos principais centros de pesquisa chegaram a uma estimativa do custo econômico que o aquecimento global acarretará ao País. A conta é salgada: cerca de 3,6 trilhões de reais ao longo das próximas quatro décadas, ou 600 milhões a mais do que os bens e serviços que a economia nacional produzirá em 2009.
Intitulado “Economia da Mudança do Clima no Brasil: custos e oportunidades”, o estudo foi inspirado em uma pesquisa encomendada pelo governo britânico e coordenada por Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial. Divulgado em 2006, o chamado Relatório Stern, como ficou conhecido o estudo, tornou-se uma referência internacional ao enfrentar a espinhosa tarefa de estimar o impacto econômico mundial das alterações climáticas.
Na revisão do relatório, em 2008, Stern avaliou o custo da inação em 30% do PIB mundial também em 40 anos – 10 pontos porcentuais acima da estimativa anterior. Em contrapartida, precisaria ser investido de 1% a 2% do PIB global para reduzir as emissões de CO2 no planeta e evitar a rota catastrófica.
Assim como Stern, os pesquisadores brasileiros tiveram apoio do governo inglês. Concentraram-se, contudo, no cálculo do custo da inação, não em quanto o País teria de investir para reverter o aquecimento, diante da constatação de que a postura isolada de uma nação na conversão de sua base produtiva com baixa emissão de CO2, embora desejável, será insuficiente para evitar o desastre. Optaram então por esmiuçar os custos e oportunidades que se apresentam em pontos críticos como a agricultura, especialmente a produção de subsistência no Nordeste e Centro-Oeste, a geração de hidroeletricidade, a pecuária e a região costeira, que ficará mais exposta diante do esperado aumento do nível dos oceanos.
Apesar de os prejuízos econômicos serem relevantes quando se observa o impacto em escala nacional, são as consequências ambientais e sociais regionais as que mais chamaram a atenção dos especialistas. “A conclusão positiva é que não teremos grandes problemas se conseguirmos tornar a economia um pouco mais limpa. Mas haverá uma queda drástica na oferta de água no Nordeste e no Centro-Oeste, com impacto direto na produção de arroz, feijão, milho, soja e café e na segurança do setor elétrico brasileiro”, afirma Carolina Dubeux, do Coppe/UFRJ e coordenadora técnica do estudo. “Como são regiões pobres, o peso financeiro acaba não sendo tão grande. Como desdobramento, estima-se o surgimento de fluxos migratórios dentro do território nacional, com uma pressão maior sobre as cidades médias e grandes, cujas estruturas estão sobrecarregadas.”
Do mesmo modo o Sistema Único de Saúde (SUS) será pressionado pelas condições mais precárias decorrentes das temperaturas elevadas e da menor disponibilidade de água. “Com menos água nos rios, cairá o volume da chamada energia firme, aquela que se estima disponível para a geração mesmo nas condições climáticas mais adversas”, diz a pesquisadora.
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