Representantes do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI) e da Articulação do Semiárido (ASA) estiveram reunidos nos dias 20 e 21 de setembro, em Campina Grande (PB), para construir um Plano de Ação a ser executado por ambas as Organizações no período de três anos. Trata-se da construção de um projeto de cooperação, cujo objetivo consiste em realizar estudos socioeconômico-ecológicos em agroecossistemas familiares nos nove Estados que integram o Semiárido brasileiro, visando mapear as estratégias agrícolas e sociais utilizadas pelos agricultores para resistir e/ou recuperar-se dos impactos de eventos ambientais extremos (seca, inundações).

Durante os três anos de ação, espera-se que o projeto ofereça recomendações, informações e subsídios para a edição de normas técnicas, formulação de políticas públicas e de modelos de manejo que promovam a conservação e a sustentabilidade dos recursos naturais do Semiárido brasileiro; além disto, proporcionará a pesquisa participativa para intervenção na realidade, de modo que os próprios atores sociais realizem as avaliações de resiliência dos agroecossistemas na região, sobretudo nos denominados Núcleos de Desertificação. Resiliência se refere à capacidade de o ser humano superar e se recuperar de adversidades.

Dentre as atividades de intervenção conjunta a serem desenvolvidas durante o período, foram propostas: identificação e articulação por parte dos próprios atores das Organizações que trabalham com agricultura sustentável e/ou estratégias de convivência com o Semiárido brasileiro; mapeamento gradual das estratégias sociais adotadas diante dos eventos de perturbação climáticas; seleção de sistemas a serem avaliados (pesquisadores trabalharão em cada Estado com agricultores vinculados a Organizações Sociais – associações, cooperativas, ONG’s); análises sobre os sistemas e/ou mecanismos e princípios mais importantes que expliquem a capacidade adaptativa das comunidades e dos sistemas produtivos às variações climáticas; sistematização das principais estratégias utilizadas para permanência nas comunidades; e avaliação da capacidade de resiliência dos agroecossistemas nos Núcleos de desertificação da região.

A realização deste projeto em parceria com a ASA é importante porque permite que sejam verificados as múltiplas formas de organização dos agricultores familiares do Semiárido brasileiro, o impacto das inovações por eles adotadas aos sistemas de produção, a trajetória das famílias como protagonistas de mudanças socioeconômicas em interação com as particularidades do ambiente semiárido, além de possibilitar a análise do modo como as políticas públicas interferem no processo de definição das estratégias agrícolas e sociais.