Conhecer experiências de convivência com o semiárido, técnicas de produção agroecológicas e experiência de organização comunitária foi o objetivo dos Intercâmbios Intermunicipais realizado no ultimo fim de semana com agricultores e agricultoras dos municípios de Domingos Mourão, Milton Brandão Juazeiro e Castelo do Piauí. Os intercâmbios fazem parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que trabalha com tecnologias de captação de água da chuva para produção de alimentos no semiárido.

O intercâmbio foi promovido pelo Centro Regional de Assessoria e Capacitação (CERAC) entidade responsável pela execução do P1+2 nas regiões. No total, 35 agricultores se dividiram em duas visitas realizadas no município de Lagoa do São Francisco (na comunidade Engano de Baixo) e em Pedro II (nas comunidades Cabral e Capuamo) o outro grupo visitou a comunidade Manoel dos Santos em Castelo do Piauí. Essas comunidades são beneficiadas com a tecnologia do P1+2 - cisterna calçadão – e as famílias visitadas desenvolvem nos seus quintais experiências agroecológicas de produção de alimentos e técnicas de potencialização do uso da água.

À tarde o grupo visitou a propriedade da agricultora Maria José Castro e Luís Antônio Dias, o casal, ao contraria da realidade de muitas pessoas que saem do campo em busca de oportunidade na cidade grande, fez uma trajetória contrária, saiu da capital, Teresina, e veio morar na comunidade Capuamo em Pedro II, e hoje se tornaram exemplos de convivência com o semiárido porque conseguiram transformar uma área antes condenada como improdutiva em uma oportunidade de lucro, hoje o casal possui uma grande variedades de plantas frutíferas e criação de galinhas.

“Sempre tive vontade de morar no campo, apesar da dificuldade inicial com a água e com a terra, hoje me sinto feliz de não ter desistido. As cisternas nos proporcionaram essa oportunidade de água e a terra é uma questão de conhecimento, não existe terra improdutiva, hoje a gente aproveita as folhas, restos de alimentos, estrumes tudo pode ser aproveitado para enriquecer a terra, nada se perde”, explica Dona Maria José.

Já os moradores da Comunidade Engano de Baixo apresentaram aos participantes experiências de organização comunitária. Após visitas ás áreas produtivas, o presidente da associação de moradores, Antônio Valdiner, falou para os agricultores (as) sobre a importância da organização na busca de melhorias para comunidade, “tudo isso que mostramos é fruto do esforço conjunto, a organização da comunidade é necessária para que possamos lutar por políticas públicas para o desenvolvimento da comunidade, então eu recomendo pra vocês, se organizem lutem juntos, porque unidos é que crescemos”, falou.

Outro grupo de agricultores visitou a comunidade Manoel dos Santos em Castelo do Piauí, lá também viram as experiências de famílias beneficiadas com o P1+2. Dona Vitória Soares e Maria Desterro receberam os visitantes, no passado elas também participaram de intercâmbios e trouxeram de lá experiências como o canteiro de pedra no chão e sistema de gotejamento, feito com garrafa pet, “é um prazer receber essas pessoas, eu sei o quanto é importante os intercâmbios, porque a gente aprende muita coisa com eles e eles com a gente é uma troca de conhecimento”, ressalta Dona Maria do Desterro.

A comunidade preparou para os visitantes uma festa com apresentação cultural e muita dança. Os participantes conheceram a tradicional Dança de São Gonçalo, expressão cultural da região, que foi apresentada especialmente pelos moradores mais velhos da comunidade. “A dança hoje é apresentada pelos mais jovens, mas alguns de seus pais e avós não resistiram e também se apresentaram, quiseram mostrar a beleza de sua cultura”, ressalta o animador de comunidade do CERAC, Francisco Luciano Nascimento.

Os intercâmbios Intermunicipais faz parte das ações do Programa de Convivência com Semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil). O P1+2 promove intercâmbios de agricultor para agricultor e deles com os técnicos, com o objetivo de promover a troca de conhecimentos e experiências entre eles. Esses momentos de troca são apoiados por instrumentos desenvolvidos para facilitar, potencializar e qualificar a comunicação e o intercâmbio entre os agricultores e as agricultoras, como os boletins de sistematização de experiências.

Fonte: JL/por Paula Andréas