O tema da reunião do Consea foi a convivência com o Semiárido e os impactos da seca na segurança alimentar e nutricional. Segundo a Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, 1.123 municípios se encontram em situação de emergência por causa de seca este ano, atingindo mais de 6 milhões de pessoas. Essa estiagem é considerada uma das piores dos últimos 50 anos.
Até 2015, o governo federal investirá R$ 17,8 bilhões em ações de enfrentamento aos efeitos da seca. Em abril deste ano, a presidenta Dilma Rousseff anunciou o investimento de R$ 2,7 bilhões em ações emergenciais. Essas medidas emergenciais incluem a construção de cisternas, o reforço da distribuição de água por carro-pipa, a recuperação de poços, o auxílio financeiro emergencial, a antecipação dos pagamentos do Programa Garantia Safra, o apoio à atividade econômica por meio de linha especial de crédito e a venda de milho para alimentação animal a preços subsidiados.
De acordo com a ministra, que preside Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional, o programa Água para Todos tem R$ 799 milhões para a construção de cisternas que garantam o acesso à água para o consumo humano e para a produção. De 2011 até este mês, assinalou Tereza Campello, já foram entregues 123 mil cisternas para famílias da área rural do Semiárido. E a Operação Carro-Pipa do Exército, acrescentou, contratou 3.360 carros-pipa, que estão distribuindo água em 640 municípios, a um custo total de R$ 164,6 milhões.
Investimento – Tereza Campello apresentou ainda dados sobre a recuperação de poços, que tem investimento de R$ 60 milhões, e a antecipação do Garantia Safra, que garante o repasse de R$ 680 em cinco parcelas para os agricultores familiares. São R$ 50 milhões nessa ação, que em este ano atendeu 770 mil agricultores.
Outra importante ação mencionada pela ministra foi o Bolsa Estiagem, que repassou a primeira parcela para 113 mil famílias. A ação assegura o valor de R$ 400 divididos em cinco parcelas de R$ 80. Também foi destacado o Crédito Rural, que dispõe de R$ 1 bilhão para atender agricultores familiares, empreendedores individuais e cooperativas de produção.
A ministra também citou ações estruturantes como a ampliação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a criação do Pronaf Semiárido, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o Luz para Todos, o Bolsa Família, o Programa de Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Aposentadoria Rural e o Fomento.
Política – Um documento com propostas e recomendações relativas à convivência com o Semiárido foi lido pela conselheira do Consea Elza Braga e será entregue à presidenta Dilma Rousseff. Entre as estratégias, o texto propõe a elaboração de uma Política Nacional de Convivência com o Semiárido.
A agricultora do sertão pernambucano Maria Joelma Pereira ressaltou, durante a reunião, que sua família tem convivido melhor com a seca graças às ações do governo federal. “Se não tivesse a cisterna para consumo e para produção, teria perdido a criação”. Mãe de três filhos, ela disse que é preciso garantir às famílias o direito de conviver com a estiagem. “Gosto muito do meu Nordeste e quero viver lá com dignidade”.
Representando a organização não governamental Articulação do Semiárido (ASA), Antônio Gomes Barbosa, falou sobre a construção de cisternas. Segundo ele, essa ação é também “um processo de formação, educação e mobilização de pessoas e instituições e que fortalece a sociedade civil”. Uma pessoa na região, lembrou, passa 36 dias por ano em busca da água.