Estiagem.
Porém, organizações civis alertam para o perigo de candidatos as eleições municipais se aproveitarem da situação para angariar votos.
As medidas emergenciais são alvo de críticas, por exemplo, da rede Articulação no Semiárido (ASA), formada por mais de 750 organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região. A ASA argumenta que esse tipo de ação somente na forma de assistencialismo fortalece a chamada “indústria da seca”, principalmente, em ano de eleições municipais.
Com essa preocupação, a ASA enviou na tarde de ontem um documento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), endereçado à ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, solicitando ao órgão que faça uma campanha em favor do voto limpo no Nordeste brasileiro. A assessoria de imprensa do TSE afirmou que vai aguardar recomendação da presidente para se pronunciar oficialmente. No entanto, Cármen Lúcia já defendeu publicamente o voto limpo. Em mais de uma ocasião, a ministra alertou o eleitor para a consciência do uso do voto, que não pode ser trocado por benesses.
O coordenador da ASA pelo estado da Bahia, Naidison Baptista, comenta que é comum muitos políticos utilizarem o abastecimento de água em troca de votos. Na avaliação do pesquisador da Fundação João Nabuco, João Suassuna, os políticos não querem que o problema da água seja resolvido. “Se isso for solucionado, o que eles vão prometer no palanque?”, questionou o engenheiro agrônomo e especialista em recursos hídricos.
A estimativa do Ministério da Integração é de que o setor agropecuário do semiárido já perdeu cerca de R$ 12 bilhões com os prejuízos provocados pela seca. “O dinheiro não está circulando ou está pouco. Injetar mais recursos dá ânimo e esperança a essa população de 12 milhões de pessoas, que está precisando no momento”, afirmou Bezerra.
Alternativas
O debate da convivência com o semiárido como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável da região e promoção de vida digna para as famílias agricultoras será debatido na Cúpula dos Povos, evento que vai ocorrer em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio%2b20). A Articulação no Semiárido Brasileiro é membro do Grupo de Articulação do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20.
A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados vai realizar seminários nos estados nordestinos sobre o mesmo tema. A iniciativa, ainda sem data marcada, vai contar com a ajuda de representantes de organizações governamentais e não governamentais, além de representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário; da Agricultura; da Ciência e Tecnologia; da Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), entre outros.