Os bastidores da negociação feita entre a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e a empresa mexicana Acqualimp para a construção de 60 mil cisternas de polietileno no Semiárido nordestino foram tema de reportagem da Carta Capital (13/1). A construção de cisternas na região (Radis 89, 94) tem atraído interesses políticos e econômicos maiores que a tentativa de garantir água para beber e produzir alimentos para as famílias do meio rural. O contrato, firmado no fim de 2011, custou 210 milhões de reais e gerou protestos de ativistas, que defendem a manutenção das cisternas de alvenaria, fabricadas pelos próprios moradores, sob a responsabilidade de ONGs contratadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

A revista informa que a mudança para a iniciativa privada traz vantagens políticas para a família do ex-ministro Fernando Bezerra (que deixou a pasta da Integração Social, após denúncias) e atende aos interesses comerciais do grupo mexicano — que teria inaugurado fábricas em Petrolina (PE), Teresina (PI), Montes Claros (MG) e Penedo (AL), e de seus fornecedores. O texto ainda aponta que as cisternas de plástico custam, em média, mil reais a mais que as tradicionais, duram menos e dispensam o auxílio das famílias, já que chegam praticamente prontas.

Os protestos contra o fim dos contratos com as ONGs (Radis 114) impediram que a parceria entre a ASA Brasil e o MDS chegasse ao fim. Em comunicado distribuído à imprensa, a ONG informou novos termos de parceria para os programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que garantirão o repasse de cerca de R$ 138 milhões para ações de mobilização e capacitação de famílias agricultoras e construção de tecnologias sociais de armazenamento de água para consumo humano, produção de alimentos e criação animal.