No setor industrial ou no uso doméstico, a reutilização da água e o aproveitamento da água da chuva são recursos cada vez mais populares com as novas tecnologias. Busca-se economia, mas também evitar o desperdício de um bem que está cada vez mais caro e escasso. O arquiteto do Instituto Acqua (Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental), Fábio Vital, ressalta, porém, que o brasileiro não possui a cultura de reuso de água e além disso, não há políticas de incentivo.
Em casa, a água da chuva e o reuso da água da torneira também são possíveis, porém, pouco explorados, de acordo com Vital. “Na esfera residencial você já tem a possibilidade de armazenamento da água da chuva, para lavar calçadas e ruas, além da irrigação do jardim”, cita. Segundo Vital, as cisternas seriam a opção mais sustentável e de baixo custo para esse reaproveitamento nos centros urbanos. “O ideal seria criar e estruturar a legislação de incentivo ao consumo racional de energia e de criação de cisternas”, diz o arquiteto. Além disso, existem empresas que instalam em casas e prédios sistemas que captam a água da chuva, como a catarinense BellaCalha. Por meio de filtros, a água pode voltar mais limpa ao prédio e, então, ser usada na desgarga dos banheiros, na limpeza de pisos etc.
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Para Vital, é uma medida fácil e que traria grandes vantagens inclusive para regiões de seca, como o Nordeste. “Ainda vejo muita timidez nesse ponto. Temos tecnologia, mas não temos uma inteligência aplicada no manejo da água”, afirma. O mercado oferece cisternas compactas, mas, segundo ele, ainda estão distantes do alcance da população, tanto pela falta de informação quanto pelo custo.
Na indústria, segundo ele, muitas adotaram o sistema de reuso da chamada água não nobre, que não é própria para consumo. Para cortar gastos com a conta, muitas implantaram seus próprios sistemas de tratamento. “A indústria, em grande medida, já reaproveita a água, conserva e reutiliza essa água”, explica. O arquiteto destaca que indústrias de papel e de cosméticos são os grandes consumidores e, logo, o reuso é fundamental para tornar viável e econômica a produção.
Tecnologia não falta e cada vez mais, de acordo com Vital, ela está sendo empregada no campo, na produção animal ou na colheita. “Seja para maximizar a produção ou enxugar o uso dos recursos naturais”, diz o arquiteto. O setor agrário é o que mais consome água, cerca de 70% do total utilizado, e para Vital é preciso agregar essa tecnologia para conservar.
De acordo com o arquiteto, é importante pensar em reaproveitamento, mas também em como economizar recursos. Segundo Vital, nossa relação cultural com a água é ruim. “Achamos que é um recurso infinito”, diz. Por isso, segundo ele, é importante repensar essa relação e procurar soluções dentro de casa, como descargas que regulem o fluxo de água, torneiras de pressão e, principalmente, não olhar a água da torneira como sem valor. “Devemos valorizar a água, mesmo a que não usamos para beber”, afirma. Dessa forma, segundo Vital, é possível conservar e manter um uso sustentável.
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