Começa hoje em Teresinao Encontro Nacional de Acesso à Terra que pretende proporcionar reflexões e debate sobre a democratização da terra que garanta a soberania alimentar das famílias agricultoras do Semiárido brasileiro. Para isso, o evento vai reunir quatro temas que serão analisados em oficinas: direito ao território, atingidos e/ou ameaçados pelo agro e hidronegócio, reorganização fundiária e agricultura familiar e crise fundiária. Cada temática será discutido à luz de relatos de experiências reais.
Para favorecer um processo de reflexão mais aprofundado sobre a realidade agrária do Semiárido do Brasil, as temáticas serão apresentadas através de experiências de luta pela terra que foram mapeados em todos os nove estados da ASA. O Piauí apresentará a experiência das comunidades tradicionais Tapuio de Queimada Nova e Novo Zabelê de São Raimundo Nonato.
Para Carlos Humberto Campos, coordenador executivo da ASA pelo estado do Piauí, a realização do encontro é uma oportunidade de discutir as várias realidades de exclusão que existem e de pensar, conjuntamente, como fortalecemos as resistências do povo do Semiárido. “O debate sobre o acesso à terra traz o tema para a pauta do dia, pois a terra é o elemento fundamental para se construir um desenvolvimento sustentável”, diz.
A abertura do evento que acontece hoje(10) às19h no auditório Mestre Expedito do Centro de Artesanato Mestre Dezinho, contará com a participação de Dom Tomás Balduíno, goiano, filósofo e teólogo com pós-graduação em Antropologia e Linguística, Dom Tomás Balduíno foi Bispo da Cidade de Goiás (hoje Goiás Velho) durante 31 anos. De 1965 a 1967 cuidou do prelado de Conceição do Araguaia, se tornando bastante conhecido por seu trabalho em defesa de índios e trabalhadores rurais.
Dom Tomás Balduíno foi fundador do Conselho Indigenista Missionário, em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Assumiu a presidência da entidade em 1999, quando a luta pela posse da terra começou a se intensificar no País. Destacado ativista das causas dos povos mais necessitados e entusiasta do movimento dos trabalhadores sem-terra no País, Dom Tomás tem se colocado no meio da polêmica agrária, criticando o governo de omissão e apontando o agronegócio, o judiciário e autoridades como responsáveis pela violência no campo.
O Bispo foi reconhecido por diversas instituições por sua luta pelos direitos humanos e justiça social. Em 2006, recebeu o Prêmio de Direitos do Homem Dr. João Madeira Cardoso, pela Fundação Mariana Seixas, de Viseu, Portugal, em colaboração com o Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados. No mesmo ano, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Católica de Goiás. Em 2008, recebeu o prêmio Reflections of Hope, da Oklahoma City National Memorial Foudation, como exemplo de esperança na solução das causas que levam a miséria de tantas pessoas em todo o mundo.
A abertura do evento contará também com a participação da dupla regional “Os Olivêra”, animando o evento com músicas e poesias com a temática do sertão.
Confira a programação completa do evento:
10 de agosto
19h Abertura do evento
19h30 Composição da Mesa
Democratizando terra e águas, construindo novas realidades
20h50 Debate em plenária
11 de agosto
8h Mística
8h40 Apresentação da metodologia do trabalho nas oficinas temáticas
9h Oficinas temáticas
14h Carrossel de Experiências
12 de agosto
8h Plenária de síntese
9h30 Trabalho em grupo por estado
14h Mesa de diálogos de acesso a terra no semiárido
16h30 Mística de encerramento