Os últimos dados da Agência Nacional de Águas (ANA) revelam que mais de três mil Municípios brasileiros terão problemas com recursos hídricos até 2025, caso não invistam no setor. O semiárido brasileiro, que sofre com a irregularidade de chuvas, estiagem e lavouras prejudicadas pela falta de água, tenta contornar o problema investindo na implantação de sistemas de armanezamento de água. A região também possui um dos maiores índices de evaporação do Brasil, o que torna reservatórios rasos inúteis em época de seca.

As barragens subterrâneas, que tem se apresentando como a melhor forma de estocagem de água para o Semiárido são inovações eficientes. A nova tecnologia garante aproveitamento da água das chuvas e a sustentabilidade da agricultura familiar e pode ser construída ao longo de leitos de rios ou riachos e em locais onde escorre o maior volume.

Para implantar o sistema é necessário construir uma parede que pode ser de alvenaria ou lona, embaixo da terra para impedir o escoamento. A barreira artificial faz com que o terreno permaneça úmido no período de três a cinco meses após a época chuvosa, o que permite a plantação de culturas de subsistência, como grãos e hortaliças, e reduz os efeitos negativos dos períodos de seca.

Região seca

O Semiárido brasileiro se estende por 975 mil quilômetros quadrados e compreende 1.133 Municípios de nove Estados do Brasil: Alagoas, os sertões da Bahia e Sergipe, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Nessa região, vivem 22 milhões de pessoas, em que oito milhões destas estão na zona rural.

O programa Uma Terra e Duas Águas, desenvolvido pela Articulação para o Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), já implantou mais de mil barragens na região. O objetivo é ajudar as famílias a produzirem alimentos, a tratar água para consumo humano e para a criação de animais. Além das barragens, o programa também desenvolve outras tecnologias que visam à sustentabilidade do Semiárido, como a construção de cisternas e de poços.

O prefeito de Caém (BA), Gilberto Ferreira, explica que o método funciona e tem surtido efeito na região. “Implantamos oito barragens na região agrícola direcionada para consumo de animais, pequenas plantações e hortaliças”.

O prefeito relata à Agência CNM que a época de seca ocorre de agosto a dezembro e dificulta a agricultura e pecuária, principais economias do Município de 10 mil habitantes. Ele conta que com o sistema de barragens, mais de 60 familias são beneficiadas e a prefeitura pretende implantar mais de 50 cisternas no próximo mês para complementar o armazenamento de água. “Nós cadastramos as pessoas interessadas em ter uma cisterna ou a barragem e construímos com a ajuda de Associações municipais e acordos com o governo do Estado”, conta Gilberto.

Os Municípios de Miguel Calmon e Jacobina (BA), também implantaram o sistema.