“Esse encontro serviu para afirmar um novo paradigma da convivência com o semiárido, reforçando e valorizando as experiências práticas vividas na agricultura familiar”, assim avaliou Carlos Eduardo Oliveira de Souza Leite, o Caê, coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), no estado da Bahia. “Este evento mostrou que a vida humana está no centro das nossas experiências práticas”, disse ele.

De segunda a sexta-feira, a ASA realizou na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Juazeiro (BA), o seu sétimo encontro nacional, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre convidados, observadores e representantes de 11 estados da região de atuação da entidade, ou seja, os nove estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo.

O evento debateu políticas públicas, avaliou o fortalecimento das experiências de convivência com a região e também foi um momento de intercâmbio de culturas, valores e conhecimentos. “O balanço é muito positivo”, avaliou Caê, que é coordenador geral do Sasop – Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais e conselheiro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

“São muitos os pontos a destacar: a afirmação do paradigma da convivência com o semiárido; os desafios sobre o direito à terra; as alternativas viáveis que podem ser replicadas; a real dimensão da soberania alimentar que vimos nas experiências visitadas e relatadas”, enumerou.

Caê destacou também a mobilização social e um significado simbólico do evento na região. “Esse encontro expressou, pela primeira vez, um diálogo direto do movimento com a população, com uma caminhada que reuniu de 3 a 4 mil pessoas, abrindo perspectivas do ponto de vista da articulação com a sociedade”, disse ele. “Além disso, a realização do evento numa vitrine do agronegócio é uma coisa que tem um significado todo especial para nós”, afirmou.

Juazeiro(BA), o local do encontro, a vizinha Petrolina e municípios em seu entorno representam um forte pólo do agronegócio no semiárido, através da fruticultura irrigada e de grandes projetos concentradores. Na avaliação de Caê, “esse modelo hegemônico é inviável e tem um alto custo social, pois expulsa agricultores de suas terras e promove exclusão, prostituição, degradação ambiental e outros problemas”.

Ao participar da mesa-redonda “Projeção para o Futuro”, Maria Emília Pacheco, da Federação de Órgãos para a Assistência Educacional e Social (Fase) e conselheira do Consea, também criticou o modelo de desenvolvimento dominante. “O modelo do agronegócio inviabiliza o desenvolvimento das famílias, desaloja populações, coloca em permanente ameaça a biodiversidade e não respeita a riqueza e a variedade de nosso modo de produção”.

Em contraposição, ela defendeu os programas da ASA como alternativas para a região. “Os programas da ASA têm respondido aos direitos de agricultores e ampliado o sentido da relação entre as várias lutas: a da agroe