Quando se decidiu que o próximo Encontro Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro seria em Minas Gerais a ideia era mostrar para os/as participantes dos estados do Nordeste a rica diversidade que compõe essa região. Foi seguindo essa mesma lógica que começam hoje (22) as oficinas temáticas do evento.
Para esta edição, as oficinas se dividem nos temas: Água, Terra/Território, Sementes, Soberania e Segurança Alimentar, Educação Contextualizada, Comunicação Popular, Direito e Auto-organização das Mulheres, Acesso amercados, Políticas de Assistência Técnica, e Financiamento. Ao todo, o evento reúne 600 pessoas que estão distribuídas nas oficinas e devem participar ativamente.
Leninha Souza, da organização do evento e da ASA-Minas Gerais, as oficinas temáticas foram colocadas de acordo com as demandas já apresentadas em encontros passados, e agregando alguns temas novos como a Assistência Técnica, de fundamental importância para a questão da convivência com o semiárido.
"A gente tem procurado ampliar. Se gente for pegar o EnconASA do Piauí [a quintaedição], que teve como tema o acesso à terra, vamos ver que, aos poucos, já fomos aumentando o leque de discussões”, explicou.
Segundo ela, muitos dos temas permanecem os mesmos. Mas é importante ressaltar que as mudanças estão acontecendo nas realidades de cada um dos/as agricultores/as presentes. Por isso é preciso ter essa continuidade, para saber no que se avançou, no que precisa melhorar, nas conquistas, nos desafios, etc.
Os temas das oficinas, disse Leninha, estão em sintonia com as visitas que foram feitas durante o encontro, onde os/as participantes puderam conhecer várias experiências de convivência com o semiárido.
Temas com a água, por exemplo, ainda são muito importantes. Mas todos já têm clareza que a questão de viver bem com o clima da região perpassa por outros problemas e as oficinas procuram expor isso.
"É um momento de troca de experiências, um momento onde se pode conhecer projetos que deram certo, novidades, enfim, é um campo rico para a troca de ideias”, falou Leninha.
Januária
Trazer o evento para Januária, norte de Minas, complementa Leninha, serve também para que as delegações dos estados do Nordeste compreendam e tenham contato com o que se vive em Minas Gerais.
O diferencial é a cultura, os costumes, mas os desafios são os mesmos. "Apesar da hegemonia do Nordeste na ASA, era preciso firmar essa aliança. Recebemos o EnconASA numa possibilidade de que os agricultores do nordeste pudessem conhecer a realidade dos agricultores de Minas Gerais, com troca de sabedorias e conhecimentos”, afirmou.
Com seus povos quilombolas, indígenas, caatingueiros, veredeiros e geraizeios, Januária expressa bem a diversidade, riqueza e força da região. Um povo que, segundo Leninha, tem seus desafios e suas formas de se mobilizar e sobreviver.