Mudanças climáticas
18.11.2020
“Experiências de convivência com o Semiárido também devem ser percebidas como de combate à desertificação”, diz ex-diretor do Ministério do Meio Ambiente

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Por Verônica Pragana - Asacom

“A resiliência [dos sistemas agrícolas no Semiárido] passa por uma estratégia de convivência com a semiaridez”, assegurou Francisco Campello, ex-diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, na oficina sobre ‘Sistemas Resilientes’, que aconteceu ontem (17) à tarde, segundo dia do I Ciclo de Debates Agroflorestas no Semiárido: Desafios e Perspectivas. O evento online termina hoje à tarde.

Segundo Francisco, o conceito de agricultura de baixo carbono pode ser observado em todas as práticas que possibilitam a convivência com a região semiárida. “Estão muito próximas”, pontuou, defendendo que as experiências que permitem a produtividade da família agricultora no Semiárido devem ser percebidas também como iniciativas de combate à desertificação.

Para ele, uma das importâncias de fazer este debate entre a convivência e o mercado de carbono é agregar valor para o trabalho das famílias que fazem o uso sustentável da agrobiodiversidade do bioma Caatinga, gerando outra fonte de renda para elas.

O colaborador da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável do Araripe, do projeto Reserva da Biosfera, uma iniciativa da Unesco, e do Projeto Bem Diverso, da Embrapa, repetiu de formas diferentes uma mesma pergunta: “Como posso conservar a biodiversidade usando-a?” Ele reforçou que a sociedade precisa entender que pode fazer uso da vegetação como forma de evitar o desmatamento.

E reforça: “Na Caatinga, temos muitos bons exemplos do bom uso e da conservação”. Para ele, a ameaça acontece quando este uso não está pautado em critérios de sustentabilidade. Um deles seria o tempo de descanso para a regeneração da Caatinga, que é de 15 anos.

Na conclusão da fala, ele foi enfático: “Só conseguimos avançar na resiliência do solo e dos recursos florestais se mudarmos o nosso paradigma dos sistemas produtivos”. E acrescentou que, na convivência com o Semiárido, há potencial para isto.

O painel sobre os sistemas resilientes também teve a contribuição de Paulo Pedro, coordenador-geral da ONG Caatinga, uma das organizações fundadoras da ASA. Por muitos anos, Paulo representou a sociedade civil na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, a UNCCD.

Paulo apresentou diversas estratégias usadas para o desenvolvimento dos sistemas agroflorestais no Semiárido. Um dos elementos destacados por ele é o cuidado com o solo para que nele também seja guardada a água, assim como nas plantas do Semiárido e nas tecnologias sociais, como as cisternas de placa de cimento.

Além desta oficina, ocorreram outras seis paralelamente: Manejo da Agrobiodiversidade; Combate aos Processos de Degradação dos Solos; Sequestro de Carbono na Caatinga e Serviços Ecossistêmicos; Método Lume na Avaliação de Impacto de Subsistemas Agroflorestais; Bancos de Sementes Florestais da Caatinga para Implementação de SAF no Semiárido.

O I Ciclo de Debates Agroflorestas no Semiárido: Desafios e Perspectivas é uma promoção da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), por meio do projeto DAKI – Semiárido Vivo, da Embrapa, do Insa, e das organizações Cetra, Centro Sabiá, Irpaa, Caatinga e Rede das Escolas Familias Agric Integradas do Semiárido (Refaisa).