Sementes Crioulas
05.08.2020 PE
Em Pernambuco, Projeto Agrobiodiversidade do Semiárido facilita o acesso e a multiplicação de sementes crioulas

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Por Mariana Landim - Comunicação da Ong Chapada

Visita ao ensaio comparativo implantado. | Foto: Ong Chapada

Próximo de completar um ano de atuação nos estados da Paraíba, Piauí, Bahia, Sergipe e Pernambuco, o Projeto Agrobiodiversidade do Semiárido apresenta resultados significativos no Sertão de Pernambuco. A iniciativa faz parte do Programa Inova Social com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sendo desenvolvida por meio da parceria da Articulação Semiárido Brasileiro, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e apoio da Fundação Eliseu Alves (FEA).

O projeto consiste em desenvolver ações de pesquisa, resgate e multiplicação de sementes crioulas por meio da agroecologia, junto aos bancos e casas de sementes comunitárias, além das redes de sementes existentes nos territórios. Durante três anos, a ideia é envolver populações tradicionais, indígenas e quilombolas, beneficiando direta ou indiretamente cerca de 400 famílias agricultoras. Segundo o técnico do Chapada, Maeldo Oliveira, as parcerias estabelecidas com as organizações da sociedade civil, organismos públicos e privados puderam contribuir ainda mais com a capilarização das ações nas comunidades. “Até agora observamos que a consolidação das parcerias possibilitou uma maior autonomia para os/as agricultores/as, principalmente no que se refere ao acesso e a multiplicação de sementes de boa qualidade”, explica.

No segundo semestre de 2019, as equipes técnicas das organizações envolvidas puderam participar de alguns momentos de formação para nivelar os conhecimentos nos territórios de atuação do projeto. Em março deste ano, o Chapada implantou um campo de ensaio comparativo de sementes crioulas no Sítio Coelho, município de Petrolina. A atividade teve o objetivo de realizar a testagem de diversos tipos e espécies de sementes para avaliar a variedade mais indicada para aquela região, considerando fatores climáticos, produtivos e resistência a pragas, e assim, identificar a semente que melhor se adaptaria às condições de solo da comunidade.

Neste período de pandemia da Covid-19, as atividades presenciais do Projeto Agrobiodiversidade do Semiárido estão suspensas, como forma de evitar o risco de propagação do vírus nas comunidades. Nos próximos meses, está prevista a construção de três casas de sementes no território do São Francisco. A expectativa é ampliar a renda familiar e o estoque de sementes crioulas nos bancos comunitários, além de buscar fortalecer o trabalho em rede, apoiar a criação de feiras de sementes e monitorar os agroecossistemas envolvidos na dinâmica do projeto.

Durante o período de execução do projeto, o Chapada realizará capacitações, dias de campo, intercâmbios e outras atividades prioritárias para as famílias agricultoras envolvidas. Ainda de acordo com Maeldo, o Projeto Agrobiodiversidade do Semiárido é avaliado como uma iniciativa bastante promissora, uma vez que os pesquisadores da Embrapa em conjunto com as organizações têm garantido excelentes resultados práticos, através da combinação do conhecimento científico com o conhecimento dos/as agricultores/as. “Trata-se de uma grande oportunidade para agricultura familiar, em que a pesquisa científica realizada com base nas diretrizes da agroecologia, reafirma a importância das sementes crioulas na perspectiva da produção de alimentos saudáveis, geração de renda, preservação ambiental, mas, sobretudo na valorização dos saberes culturais que integram a biodiversidade no Semiárido brasileiro”, finaliza.