Semiárido Mineiro
22.08.2019 MG
20 Anos de Convivência e Resistência no Semiárido Mineiro
Conviver com o Semiárido é a estratégia principal que vem guiando a Articulação no Semiárido Mineiro – ASA Minas, há 20 anos, no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha.

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Por Comunicação da ASA Minas

Maria Madalena, agricultora | Foto: Matheus Durães

A partir de ações efetivas na construção de tecnologias sociais, promoção de espaços de formação e mobilização das comunidades do campo, a ASA reflete hoje a história de mais de 100 mil famílias, que a partir da organização da sociedade civil, teve a realidade transformada.

Valquíria Lima resgata as conquistas do Semiárido mineiro | Foto: Hugo de Lima

“Nós não trazemos nada para ninguém, isso é conquista. É uma conquista de cada um e cada uma que se envolveu nas mobilizações, nas formações, nas reuniões da ASA, nas reuniões dos Fóruns, nos intercâmbios. Isso é conquista, isso é direito e direito a gente não negocia”, disse Valquíria Lima, da coordenação estadual e nacional da Articulação no Semiárido, ao relembrar a participação dos povos e comunidades do campo na trajetória da ASA na construção de cerca de 80 mil cisternas em Minas Gerais.

Essa foi uma das falas que marcaram o Encontro Estadual da ASA Minas, que acontece entre os dias 21 e 23 de agosto, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. O evento celebra os 20 anos de construção de estratégias de convivência com o Semiárido e pauta importantes debates no campo da soberania e segurança alimentar, acesso à água, educação no campo, acesso ao mercado, garantia da agrobiodiversidade e respeito às comunidades tradicionais.

Para Élzio Alves Pereira, agricultor da Comunidade Caatinga, em Varzelândia, fazer parte dos 20 anos da ASA é gratificante. Ele afirma que o trabalho da Articulação é um exemplo: “A ASA tem feito muita coisa para servir de inspiração para os governos. Se construíssem uma caixa [cisterna de captação de água de chuva] em cada casa de brasileiro, era muita água armazenada”.

Mais de 100 agricultores e agricultoras estão reunidas em Araçuaí | Foto: Matheus Durães

Além das organizações que fazem parte da rede e parceiros, ao todo o Encontro reúne mais de 100 agricultores e agricultoras do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. O sentimento de pertencimento também foi algo que transpareceu na fala dos participantes. “Eu sou fruto desse espaço da ASA. Hoje, estou em diversos espaços mas tenho muita gratidão porque a ASA me torna uma pessoa melhor, uma militante melhor, uma sindicalista melhor”, conta Marilene Faustino, coordenadora da FETAEMG, de Capitão Enéas.

Nesses 20 anos de trajetória, muitas mãos vêm construindo a Articulação no Semiárido Mineiro. É através da união de organizações, movimentos e participação popular que têm se descontruído a narrativa de combate à seca, que por muitos anos levou milhares de famílias a deixarem suas terras por acreditarem que não era possível conviver com o clima e que o Semiárido é local inabitável. Hoje a realidade é outra e o grande responsável pela consolidação do Semiárido Vivo é o próprio povo. “A ASA nunca inventou nada. Ela sempre olhou o que os agricultores fazem e sistematizou. A ASA olhou para uma região que chovia 3 meses por ano e os agricultores guardavam água. Eles já faziam isso”, afirma Rafael Neves, coordenador do Programa 1 Milhão de Cisternas e do Cisternas nas Escolas da ASA Brasil.

Com a voz, duas agricultoras integrantes da ASA Minas, Maria Madalena e Jovelina Alves...