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29.10.2009
Ousadia com dinheiro dos outros
Jornal - Diário de Pernambuco


Por Alana Rizzo

Brasília - Há pouco mais de um mês da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), na Dinamarca, o governo federal apresentou seis projetos para reduzir emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Chamados de Nama's - sigla para National Apropriated Mitigation Action - e que, na prática, representam o conjunto de ações que serão adotadas para atenuar problemas causados pelo lançamento desses poluentes na atmosfera, os programas devem consumir cerca de US$ 2 bilhões por ano. Tratam do desmatamento da Amazônia, do cerrado e da caatinga, além do uso do etanol, controle de resíduos e de investimentos na produção de carvão vegetal.

As seis propostas fazem parte de um plano considerado "ousadíssimo" pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e que só sairá do papel caso os países mais ricos se comprometam a injetar dinheiro no Fundo Internacional de Mudanças Climáticas.

A meta brasileira é diminuir em 40% o lançamento de gás carbônico, reduzindo, até 2020, de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 por ano para cerca de 1,6 bilhão. A primeira tarefa do ministro é convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que irá representar o país na convenção, da importância das propostas. Depois, será a vez de Lula provar que, sem os recursos internacionais, não há como garantir o sucesso e a continuidade dos programas. O governo brasileiro é membro do Grupo dos 77, composto por países em desenvolvimento, e defende que nações ricas contribuam com algo entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual para a manutenção dos fundos.

"Parte do esforço (20%) será feita com nossas próprias pernas. Os outros 20%, com recursos dos fundos destinados a iniciativas de contenção à emissão de CO2", afirmou ontem o ministro, referindo-se também ao projeto brasileiro que destina 6% dos royalties do petróleo ao Fundo Nacional de Mudanças Climáticas - a proposta está no Congresso. "Ainda existe um grande abismo entre a posição dos países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. Vários estados desenvolvidos não definiram suas metas ainda. O Brasil terá a meta mais ousada entre os países significativos em desenvolvimento e, assim, poderá ser uma ponte para evitar o fracasso no tratado de Copenhague", destacou Minc, ressaltando, por exemplo, a posição da China e da Índia, que já anunciaram que vão aumentar a emissão de gases nos próximos anos. Temendo o fracasso da reunião mundial, Minc viajou ontem a Barcelona, na Espanha, para uma reunião de emergência convocada pelo governo da Dinamarca.

Amazônia - O desmatamento da Amazônia é o maior responsável pela emissão de CO2 no Brasil. A meta de redução é de 80%. A ex-ministra do Meio Ambiente e atual senadora Marina Silva (PV-AC) defendeu que o desmatamento chegasse a zero. Minc disse que é preciso ser mais realista: "Para o ano que vem, quero fome zero, analfabetismo zero e desmatamento zero no Brasil. Entre a intenção e o gesto, precisamos ser menos propagandistas e mais realistas", afirmou.

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