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09.03.2017
Mulheres em marcha também no Semiárido
Site - Marco Zero


Por Marco Zero

Não foi só nas capitais que as mulheres foram às ruas protestar contra o machismo e por direitos iguais. No Semiárido paraibano, mais de cinco mil mulheres agricultoras do Polo da Borborema tomaram a cidade de Alagoa Nova durante a 8ª Marcha Pela Vida das Mulheres. Esse ano, a mobilização pelo fim da Cultura do Estupro e contra a Reforma da Previdência.

Para se ter ideia da dimensão da Marcha, o município que recebeu a manifestação possui 20 mil habitantes, incluindo todos os distritos e povoados. Alagoa Nova por sinal é vizinha de Alagoa Grande, terra natal de Margarida Maria Alves, a líder sindical assassinada há 34 anos a mando de fazendeiros da região. Margarida, autora de frases marcantes como “É melhor morrer na luta do que morrer de fome” ou “Da luta eu não fujo”, foi a primeira mulher paraibana a lutar por direitos trabalhistas em plena ditadura militar.

Margarida foi a inspiração para a criação do Polo Sindical da Borborema, que completou, em junho do ano passado, 20 anos de atividade. A partir de 2003, foi criada uma comissão com foco na atenção ao trabalho produtivo das mulheres. A partir de 2010, elas passaram a denunciar as desigualdades e dar visibilidade à luta.

Hoje, há mais de 1.500 mulheres com seus quintais produtivos (a maioria com cisternas-calçadão) e uma rede de 12 feiras, metade delas com mulheres à frente, garantindo a comercialização da produção agroecológica. Muitas são gestoras de fundos rotativos solitários, com experiências de auto-organização para financiar suas atividades.

“Hoje o que a gente tem aqui é uma mudança de percepção, seja das próprias mulheres como detentoras de conhecimento, de experimentação, seja pelos companheiros dos sindicatos. Hoje o polo sindical considera como determinante para a construção da agroecologia esse movimento de mulheres. Esse é o diferencial da Borborema”, avalia Adriana Galvão, assessora técnica da ONG AS-PTA, participante da 8ª Marcha das Mulheres.

Dos 14 municípios, cinco têm mulheres à frente de sindicatos, duas vice-presidências e inúmeras diretoras sindicais. “Além disso, o Polo da Borborema tem uma coordenação executiva, que é formada por 12 pessoas – seis homens e seis mulheres”, completa Adriana. “Esse é um legado de empoderamento da Marcha. Elas se reconhecem como sujeitos políticos e construtoras ativas deste processo da agroecologia. Toda sabem a importância de seu trabalho, seja produtivo e reprodutivo para a organização da família”.

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