Comunidades Tradicionais
20.05.2016 MG
Nota em repúdio ao editorial do Estado de São Paulo

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#PovosUnidosConselhoJá

Em resposta ao editorial "Dilma e povos tradicionais" divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo, no dia 16 de maio, que trata da aprovação do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais pela presidenta Dilma Rousseff, várias articulações divulgaram notas de repúdio em virtude da atitude desrespeitosa do veículo. 

O jornal Estadão publicou o editorial "Dilma e os povos tradicionais", no qual se refere de forma pejorativa à criação do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, qualificando como "tema de duvidoso interesse público" a consulta aos povos tradicionais com vistas a reconhecer, fortalecer e garantir seus direitos.

Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pela Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas e Alto Jequitinhonha:

Nós, Indígenas, Geraizeiros, Caatingueiros, Vazanteiros, Veredeiros, Quilombolas, Apanhadoras de Flores Sempre Vivas integrantes da Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais manifestamos nosso repúdio ao editorial do Estado de São Paulo de 16 de maio de 2016, intitulado “Dilma e os povos tradicionais”. No editorial, o veículo se posiciona contrário à criação do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituído pelo Decreto 8750. Em um claro ataque à nossa história, o editorial fere a Constituição Brasileira quanto à natureza multicultural e pluriétnica do Estado brasileiro, uma vez que a CF/1988 preceitua expressamente os direitos dos povos indígenas, quilombolas e dos outros diferentes grupos que com suas culturas construíram a identidade do país. O editorial ataca de forma virulenta e preconceituosa os inúmeros tratados e convenções internacionais assinados pelo Brasil, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Este ataque irresponsável apenas reforça a invisibilidade à qual os povos e comunidades tradicionais do Brasil estão há séculos submetidos, num ato de violência que se inicia na negação de sua existência, silenciando sua voz e luta por direitos, e desrespeitando, ainda, a enorme contribuição destes povos na construção da nação brasileira da qual tanto nos orgulhamos. No atual contexto político, não aceitamos qualquer manifestação de ataque aos nossos direitos conquistados com suor, sangue e muitas perdas. Diante disso, demonstramos a nossa indignação e reafirmamos a legitimidade da criação do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, para o qual tanto lutamos, relembrando as palavras do cacique Rosalino que nomeia nossa articulação: “preferimos virar adubo da terra, e semente para novas gerações, ao deixar nossos territórios”.

‪#‎PovosUnidosConselhoJá‬
Assina esta nota:
Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas e Alto Jequitinhonha

Clica aqui para ler o editorial.