Semiárido
15.01.2016 PI
Poesia: Águas de Janeiro...

Voltar


Por Elaine Poeta, comunicadora popular da ASA

De repente o cheiro da terra anuncia
a chegada de um ano de novas ramagens,
da chuva trazida por janeiro,
de janeiro trazido pelas chuvas:
As veredas abrigam novas vidas originadas pelas muitas águas de janeiro...
Novas canções chegam à caatinga,
Pingos, pássaros, a biqueira na cisterna e a chuva na biqueira,
E vez ou outra, se curte trovão...
É a chegada de janeiro com chuva no sertão,
Janeiro trazendo chuva, ou a chuva trazendo janeiro,
Despertando a caatinga que observava seu cinza,
E de repente acorda em seu verde exuberante.
São as águas de janeiro que chega ao Semiárido
carregadas de esperança, de crenças e profecias populares...
As águas que vêm e vão em janeiro
Trazem a noticia de boa colheita,
Assim diz Maria, já semeando na roça,
Águas que vêm e vão em janeiro...
Vem avisar que é o mês inteiro de água,
Pouco sol e muitas nuvens,
Assim diz João já com sua enxada na mão.
E Manuel? Esse canta na janela
E diz que o ano é de festa!
As águas de janeiro trazem o sorriso que habita
no rosto do menino a banhar na bica,
Da Maria a semear feijão,
Do José a sonhar com a criação.
E pelas estradas do Semiárido a poesia desenha o sertão
Em roupagem verde, com poças, lama, nuvens, pingos e pouco sol,
Dando uma trégua à poeira, ao cinza amado e ao sol também amigo.
E muitos versos correm arredios,
Enquanto as águas de janeiro correm tranquilas,
Como a chuva que traz janeiro e como janeiro que traz a chuva.