Agroflorestas
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Agrofloresta para o Desenvolvimento Sustentável

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Numa plantação de 45 hectares na comunidade Baixio Grande, em Massapê do Piauí, mora um agricultor e sua família que fazem a diferença na região. Não só por praticar a agricultura agroecológica, mas por preservar o meio ambiente através da manutenção de sistemas agroflorestais. Um verdadeiro exemplo de preservação para o Desenvolvimento Sustentável.

Na pequena casinha, no alto do morro, moram Maria do Rosário de Jesus, a Rosária, Raulino Ailton da Costa, mais conhecido como Ailton. Os dois têm quatro filhos, um está no Exército e os outros estão estudando ainda.

Ailton é exemplo de agricultor experimentador na região. Uma pessoa cativante e batalhadora pelos direitos, sempre é escolhido como representação local pelos amigos e amigas por ter coragem de falar o que é certo. E ele gosta de participar dos movimentos e está sempre buscando aprender algo mais.

Ele conta que a sua agrofloresta iniciou quando participava das reuniões do Território do Vale dos Guaribas e já tinha uma diversidade de plantas na propriedade por saber que isso ajuda a combater a desertificação. Quando o alemão Roland Schineider, agrônomo da DED territorial, viu que tinha potencial e realizou um projeto na propriedade. Com o projeto foram comprados 200 reais de plantas nativas e frutíferas típicas da região; foi quando a agrofloresta realmente começou.

É um agricultor muito afinado com o tema do Desenvolvimento Sustentável, tanto que participa ativamente das discussões no município como representante da sociedade civil. Antes ele não sabia o que era esse tipo de desenvolvimento, hoje ele vê na prática os benefícios desse desenvolvimento para a família e para a terra. Como ele mesmo diz: "Desenvolvimento Sustentável é uma coisa que dá sustento à terra e também para minha família".

Um sustento saudável pela sua diversidade. A agrofloresta de seu Ailton inicia pelas cabeças de bode que ele cria para garantir a carne para a família. Mas tem porco e galinha também, além das abelhas que produzem o mel para a família e para vender através da cooperativa de apicultores.

São 20 pés de manga, acerola, goiaba, laranja, lirio branco, caju, seriguela, feijão guandu, gergelim, sorgo, leucena. Mas tem umbu, aroeira, favela. Segundo o agricultor, tudo tem seu papel na natureza e na produção da propriedade e está sendo preservado com muito carinho. Atitude que ele também viu dar certo em intercâmbios que participou e tem levado a eventos que participa.

Lá na plantação agroflorestal dele é assim. As plantas frutíferas maiores foram plantadas a 7 metros de uma para outra. No meio, ele planta as menores como a palma, a mandioca, o feijão guandu, acerola, romã. Essa diversidade também dá fruta e outros legumes o ano todo para a família, pois tem fruta de todas as temporadas, quando uma termina a outra está começando. Uma coisa que ele sonha em plantar é a jaca.

Na propriedade que há 100 anos era chamada de Umbuzeiro Tipi, por conta da predominância desse tipo de umbuzeiro na região, somente um hectare foi transformado em agrofloresta. Ailton conta que seu desejo é aumentar a área. Além disso, ele ainda está fazendo o reflorestamento da área que antes era brocada e queimada para abrigar a roça. Hoje abriga as plantas nativas da região.

Ele pretende continuar com o plantio, pois depois que começou a fazer diferente, percebeu o aumento da produção em todos os sentidos. Saúde dos animais, produção boa de mel e saúde da família. Além de ter um complemento da renda, pois além da roça, a única fonte de renda da família é o Bolsa Família. Tudo que a natureza oferece ele alimenta a família e o restante vende.

A dificuldade ainda é ter água, o que está mudando, pois chegou a cerca de um ano a cisterna de placas para consumo humano do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). E a família espera ansiosa o dia que terá água suficiente para manter uma boa horta em casa, para que Dona Rosária continue fazendo as comidas gostosas que ela faz tão bem.