Quintais Produtivos
28.09.2018 CE
Famílias do Semiárido cearense participam de capacitação para gerir água e produzir alimentos

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Por Francisco Barbosa - comunicador do Cetra

Na capacitação agricultores e agricultoras se preparam para gerenciar a água que será armazenada na tecnologia | Foto: equipe técnica do Cetra

Até 2019, duzentas famílias, distribuídas entre os municípios de Pentecoste e Itapipoca, no Ceará, irão receber cisterna de segunda água (enxurrada e calçadão) e barreiro trincheira do Programa Uma Terra Duas Águas (P1+2), realizado pelo CETRA nesses dois municípios. Essas tecnologias sociais trazem para a família a capacidade de armazenar água em períodos chuvosos para que possa ser usada no sistema produtivo familiar durante os meses de menos incidência de chuva.

Entre as ações desenvolvidas dentro do P1+2, o CETRA realiza Capacitação para Manejo de Sistema Simplificado de Água para Produção (SISMA) e Capacitação de Famílias em Gestão da Água para Produção de Alimentos (GAPA), que têm como objetivo proporcionar momentos de troca de experiências com as famílias que irão receber as cisternas de segunda água e barreiro trincheira. Nos dias 18, 19 e 20 de setembro, foi realizada a capacitação em SISMA na comunidade de Ingá, em Itapipoca. Já nos dias 19, 20 e 21, aconteceu o curso de GAPA na comunidade de Casa de Pedra, em Pentecoste.

Com o GAPA, as famílias se apropriam de informações sobre o manejo da água no arredor de casa, os cuidados com a horta e plantas medicinais e, o uso de defensivos naturais. Já no SISMA, o foco é nos sistemas simplificados de aguamento que funcionem com economia de água; estratégias para a produção do quintal; debates sobre agroecologia, sementes e alimentos para pessoas e animais; técnicas de conservação da água e do solo; produção de modelos de irrigação alternativos e outras questões relacionadas com o sistema produtivo familiar.

Durante o curso de GAPA, a assessora técnica do P1+2, da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), Juliana Lins Lira, esteve em Itapipoca e acompanhou de perto as atividades realizadas durante o curso. De acordo com ela, a visita teve como objetivo acompanhar de perto os trabalhos desenvolvidos no campo, principalmente nessa fase de realização do GAPA já que, nessa etapa, as famílias começam a produzir o diagnóstico do agroecossistema. “Queremos saber como está sendo a execução dos trabalhos em campo e quais os desafios encontrados nessa fase do projeto. A gente acredita que, quando essa atividade do diagnostico é feita com a comunidade, ela ajuda as próprias famílias a enxergar as potencialidades da comunidade, revisitar a história de como a comunidade foi constituída, a importância que cada família tem dentro daquele espaço na questão da história, na questão da organização coletiva e na garantia de direitos”, diz.

O diagnóstico do agroecossistema é uma ferramenta que ajudará as animadoras e animadores de campo a conhecerem melhor a propriedade da família que irá receber a cisterna de segunda água ou o barreiro trincheira. O diagnóstico é composto pela linha do tempo, com informações acerca da vida daquela família; mapa da propriedade e; o fluxo de produtos e insumos com informações sobre o que a família produz, doa ou compra dentro do seu agroecossistema.

Sobre o GAPA, Juliana Lins Lira afirma. “Eu gosto de acompanhar o GAPA porque é uma capacitação bem potente, em relação a discussões que o curso traz em si: a questão do direito a água, a questão dos debates políticos, da discussão de gênero. Debater isso com as famílias é sempre muito rico. A gente sai preenchida cada vez que escuta as famílias bem mobilizadas entorno dos temas da agroecologia, do direito e acesso à água e gênero”, finaliza.