Política
16.08.2018
Por Justiça e pela Democracia, movimentos sociais vão a Brasília defender a candidatura de Lula
Marcha Lula Livre

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Por Gleiceani Nogueira - ASACom

Marcha aconteceu nesta quarta-feira (15) e reuniu milhares de pessoas de vários cantos do país | Foto: Cristina Nascimento

A luta contra a injustiça, a defesa da democracia e a retomada do povo Brasileiro no orçamento público uniram milhares de pessoas do campo e da cidade de todas as regiões do país na Marcha realizada ontem (15), em Brasília-DF, em apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na tarde de ontem, Lula foi oficialmente registrado como candidato à presidência da República no Tribunal Superior eleitoral (TSE).

Cristina Nascimento, militante e representante da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) na Marcha, traduziu o dia de ontem como “um momento histórico, determinante para a classe trabalhadora. Ontem nós vivemos isso, uma unidade de classe, de sentimento de classe trabalhadora e a clareza que só essa unidade nos proporcionará o retorno de um governo democrático e popular”.

Ela também ressaltou que no modelo de democracia que vivemos não podemos abrir mão do debate eleitoral. “Nós, dos movimentos sociais, não podemos deixar de tomar posição no sentido de fortalecer candidaturas e expressões que venham trazer para a centralidade o que acreditamos que é a convivência com o semiárido, a pobreza como centralidade do orçamento público, a defesa dos direitos humanos, dos direitos sociais, o respeito à diversidade, a participação das mulheres, da juventude”, ressaltou.

Um dos momentos mais simbólicos da Marcha Lula Livre foi a participação de dois dos sete manifestantes que estão em greve de fome desde o início do mês. Entre eles, o representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jaime Amorim. Pouco antes de se juntar ao grupo de grevistas, Amorim participou do ato de partida da Caravana Semiárido Contra a Fome, no dia 27 de julho, na cidade de Caetés-PE, onde nasceu o ex-presidente Lula. Na ocasião, ele explicou para o público de mais de cinco mil pessoas o significado desse ato extremo: “Nós vamos passar fome hoje por opção de uma luta política para que outros não passem fome amanhã”.

Ao mesmo tempo em que a Greve de Fome começava, a Caravana cruzava o país para denunciar a volta do Brasil ao Mapa da Fome e pedir a continuidade das políticas sociais que transformaram a vida dos mais pobres. “O grande ponto de pauta não só da ASA, mas do debate politico hoje do País, é a volta do Brasil ao Mapa da Fome. Então a Caravana trouxe uma pauta importante que interage com esse movimento que tá acontecendo no país”, avaliou Cristina.

Comitiva que participou da audiência com a ministra Cármem Lúcia na terça-feira (14)

Audiência no STF – Na tarde da terça-feira (14), um dia antes da Marcha Lula Livre, a ministra e presidenta do STF, Cármem Lúcia, recebeu em audiência pública um grupo que pautou a situação política do país e o impacto da conjuntura nas eleições 2018. A comitiva foi formada pelo Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, pelo Frei Sérgio Görgen, representando os grevistas, pelo ator Osmar Prado, e representantes da sociedade civil como o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, Beatriz Cerqueira, da Frente Brasil Popular, Cristina Nascimento, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), além de juristas e intelectuais. 

O Nobel da Paz, Adoldo Pérez, pontuou que o Brasil vive um estado de exceção e que Lula é um preso político reconhecido pela ONU. No âmbito jurídico, o grupo pautou a responsabilidade do judiciário nas eleições 2018 e a questão da presunção de inocência no processo que envolve o ex-presidente Lula. A presunção de inocência é um dispositivo constitucional que só pode ser afastado no caso de uma decisão condenatória. Como o presidente ainda pode recorrer da sua condenação, a antecipação do cumprimento da pena não é compatível com a presunção da inocência.

Em nome dos movimentos sociais, Beatriz Cerqueira, da Frete Brasil Popular, fez um balanço do golpe para a classe trabalhadora e deu como exemplo a pauta da volta da fome denunciada pela Caravana Semiárido Contra a Fome. “São 28 milhões de pessoas desempregadas, são 12 milhões de famílias que não conseguem comprar um botijão de gás. Educação e saúde congelados por 20 anos. Perdemos o Pré-Sal que iria para a educação e para a saúde, que revolucionária esses direitos”.

Para Cristina, a audiência foi um momento importante para cobrar do STF uma posição diante da grave crise que assola o país. Na ocasião, ela também entregou à ministra uma cópia do documento da Caravana que foi protocolado no gabinete dos 11 ministros há cerca de uma semana. O documento atesta o aumento da pobreza no país e cobra do Judiciário uma posição sobre a violação do direito humano à alimentação que é garantido na Constituição Federal. Segundo Cristina, Cármem Lúcia se comprometeu em ler o documento e repassar a pauta da audiência aos demais ministros.