Eleições
01.08.2018 BA
Seminário de Formação Política e Eleições 2018 reúne cerca de 200 pessoas em Feira de Santana

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Por Luciana Rios/Comunicação SASOP

Três redes de fortalecimento da agricultura familiar se reúnem para discutir intervenções no período pré-eleitoral | Foto: ASA BA

Cerca de 200 pessoas vindas de vários territórios e regiões do estado da Bahia estiveram reunidas, em Feira de Santana (BA), na última sexta-feira (27) no Seminário de Formação Política e Eleições 2018. Organizado pela Articulação no Semiárido (ASA Bahia), Articulação de Agroecologia na Bahia (AABA) e Fórum Baiano da Agricultura Familiar (FBAF), o encontro teve o objetivo de contribuir para uma análise da conjuntura política nacional e estadual, diante do contexto eleitoral e da prática parlamentar que afeta diretamente os povos do campo, das águas e das florestas. O encontro buscou ainda construir um planejamento coletivo da ASA Bahia, AABA e FBAF para o diálogo com os candidatos e candidatas ao Legislativo nos territórios e regiões.

Em sua fala na mesa de abertura, Célia Firmo, representante da FBAF e coordenadora executiva do Movimento de Organização Comunitária (MOC), ressaltou a importância desse momento de união da três redes, na busca de fortalecer um projeto de sociedade de promoção de direitos diante da disputa política. “O que está em jogo é o projeto de sociedade que queremos. De um lado, um estado de direitos e, de outro, um estado mínimo que marginaliza a agricultura familiar e não regula direitos. Precisamos ocupar os espaços de forma articulada e refletir aqui sobre o nosso papel para incidência junto aos parlamentares”, afirma.

Carlos Eduardo Leite, representante da AABA e coordenador geral do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), lembrou do último encontro de agroecologia da Bahia que abriu um diálogo entre os biomas do estado e um caminhar muito rico entre a ASA Bahia, AABA e FBAF. Ao tratar da participação política, Carlos Eduardo pontuou que a democracia brasileira é muito nova e a participação social faz parte da construção. “O retorno à democracia tem menos 30 anos, mas a democracia participativa vem se fortalecendo nos últimos 15 anos, inaugurada com os processos das conferências. Os planos plurianuais do governo Lula, fomos nós (sociedade) que construímos. Nossa construção social não se dá só com os partidos políticos. Temos de pautar a gestão dos parlamentares, pautando os temas e cobrando essas pautas após as eleições. Nós sabemos bem o que queremos: convivência com o semiárido e desenvolvimento rural pautado na Agroecologia”, afirma.

Dando sequência às reflexões da mesa, o coordenador da ASA Bahia, Naidison Baptista Quintela, traz em sua fala a beleza da união entre as redes e organizações. “Quero falar da beleza de estar aqui, todo mundo junto. Isso é bom, bonito e forte! Estamos vendo a desconstrução dos direitos, das políticas públicas. Um milhão de famílias foram cortadas do Bolsa Família”, diz. Para Naidison, a perda de direitos está diretamente relacionada a divisão de classes. “De forma simplória, podemos dizer que o mundo esta dividido em duas bandas: os que querem acumular riquezas à qualquer custo e a outra banda que quer repartir, dividir, colocar as pessoas com acesso a condições dignas de vida. Nós estamos do lado de quem quer repartir. Nossas organizações foram criadas para fazer a divisão de bens e das riquezas. Isso significa que a gente tem um lado. O lado de querer dividir e não de quem concentra”, conclui.

O seminário seguiu com um debate entre os participantes e gerou um levantamento de propostas dos territórios e regiões a serem encaminhadas aos candidatos do legislativo federal e estadual que dialogam com a garantia de direitos para os povos e comunidades tradicionais, para a agricultura familiar agroecológica. Como desdobramento do seminário, os participantes apresentaram uma agenda de reuniões e eventos a serem realizados nos territórios e regiões da Bahia.