P1MC
19.06.2018 PI
Ação da ASA no Piauí já garantiu água de beber para mais de 50 mil famílias

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Por Coletivo de comunicadores/as do FPCSA

As tecnologias sociais modificaram o espaço do campo e transforam a vida de milhares de famílias do Semiárido piauiense | Foto: Djalma Batista

No Piauí, o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, desenvolvido pelas entidades que formam o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido (FPCSA), representação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) no Estado, já construiu quase 50 mil cisternas de água para o consumo humano e beneficiou 511 escolas com cisternas de 52 mil litros.

A ação que há mais de 18 anos vem sendo realizada por organizações sociais do Estado tem transformado a realidade das famílias que enfrentam a seca, fenômeno climático característico da região, através de uma ideia simples, captar e estocar a água que será consumida nos períodos mais críticos do ano. Neste ano, cerca de 20 municípios do Semiárido piauiense receberão tecnologias sociais de captação de água para beber, através dos Programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Cisternas nas Escolas, desenvolvido pela ASA, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

Neste termo de parceria, serão construídas 2.536 cisternas de placas familiares com capacidade para armazenar 16 mil litros de água da chuva para o consumo humano, e cisternas escolares de 52 mil litros, que beneficiará centenas de alunos de escolas públicas do campo na região. O Programa atende famílias de baixa renda, residentes nas zonas rurais do Semiárido que sofrem as consequências da estiagem e irregularidade das chuvas.

Os municípios atendidos pelo edital serão: Avelino Lopes, Curimatá, Parnaguá, Palmeira do Piauí, Morro Cabeça no Tempo, Cristino Castro, Aroeiras do Itaim, Pimenteiras, Jaicós, Itaueira, Caracol, Guaribas, Dom Inocêncio, São João do Piauí, Coronel José Dias, Jurema, Campo Maior, Caxingó, Sigefredo Pacheco, e Luís Correia.

Sobre a importância das tecnologias sociais para a qualidade de vida das famílias da região, a agricultora Maria da Conceição Sousa, conhecida pelos amigos e familiares como Ceiça da comunidade Terra Dura, localidade a 08 km da sede do município de Pedro II, região norte do Piauí, explica que a cisterna é um bem precioso, e que já está na família há 15 anos. Quando perguntada de que forma a água ao lado da casa impactou no cotidiano deles, Ceiça destaca: “A cisterna é para nossa família um bem precioso, porque no período que não tem água por aqui, é ela que nos salva pra tudo, sem uma cisterna em casa, sofreríamos muito no verão, então pode se dizer que ela é nossa companhia de água”, afirma. A família dela possui uma cisterna de 16 mil litros, que visa atender a uma necessidade básica da população que vive no campo: água de beber.

Para o coordenador do FPCSA, João Evangelista, as tecnologias sociais, especialmente as cisternas de placas, implementadas por movimentos da sociedade civil organizada, hoje representa uma mudança na vida das famílias do Semiárido. “A conquista do direito à agua de qualidade e à alimentação saudável se tornou realidade, mas ainda há muitas famílias do Semiárido piauiense que precisam das cisternas, e o projeto das entidades que compõem o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido [FPCASA] é continuar lutando por novos editais do Governo que garantam essas tecnologias como políticas públicas permanentes de consolidação na qualidade de vida dos pequenos agricultores”.

A água das cisternas além de servir para saciar a sede das pessoas, ela também serve para matar a sede dos animais e das plantas, além de garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias, porque a água da chuva armazenada serve igualmente para produzir alimentos e sementes. A agricultora Carmina, da comunidade Angical em São João da Varjota comemora a possibilidade de agora produzir no quintal de casa alface, tomate, cebolinha, batata, abacaxi, hortaliças tudo com a agua da cisterna, “desde quando a gente conseguiu a cisterna, a gente planta e é bom porque evita o gasto com a compra desses produtos para o consumo, a gente sabe que tá cultivando e  que é sadio”, explica.

Também em São João da Varjota, no assentamento Pinga Café de Rosa, a Maria afirma que antes da cisterna, sua família não tinha como guardar água, nem para beber e muito menos para plantar. “Agora, as caixas já estão cheias, eu posso fazer minhas hortas, cuidar das cabras, ovelhas e porcos, antes eu tinha a luta de buscar lá distante e essa luta acabou. As coisas melhoraram 100%, graças a Deus, dá pra se manter com a agua da chuva durante todo o ano”, conta a agricultora.