Semiárido
17.05.2018 PE
Audiência pública destaca convivência e desertificação no Semiárido

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Por Elka Macedo - ASACom

Alexandre Pires destacou a convivência com o Semiárido como ação estratégica para combate à desertificação durante a audiência | Foto; Elka Macedo

Na manhã desta quarta-feira (16), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediou a audiência pública com o tema Convivência e combate à desertificação no Semiárido. O evento, organizado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos e participação popular da Alepe, reuniu acadêmicos, estudantes, professores, parlamentares e representantes de organizações não-governamentais, entre elas a ASA, representada pelo Coordenador Executivo da Articulação pelo Estado de Pernambuco, Alexandre Pires. A audiência foi facilitada pelo deputado Edilson Silva (PSOL), então presidente da comissão na Alepe.

Em sua fala, na mesa, Alexandre refletiu as grandes secas, o paradigma da convivência com o Semiárido e as ações efetivas dos programas da ASA. O coordenador também criticou a perpetuação da indústria da seca, que ainda hoje é palanque político na região, e ratificou que não existe combate à seca. “A ideia do combate à seca é irracional, porque não se pode combater um fenômeno. Ou se aprende a conviver ou não se consegue avançar”. Ele disse ainda que as secas não são algo imprevisível e irreal. “Nós podemos prever, o Estado brasileiro pode prever e os recursos tecnológicos e o conhecimento popular está aí e podem prever quando vão acontecer as grandes secas. O fato de não prever, de não ter ações que de fato contribuam com os povos do Semiárido, construiu no Brasil o que a gente chama de indústria da seca, ou seja, o que se implantou foi essa ideia da dependência das politicas emergenciais”, enfatizou Alexandre.

Sobre os períodos de estiagem, ele destacou que na seca de 1982, mais precisamente entre os anos de 80 e 83, morreram no Semiárido brasileiro cerca de um milhão de pessoas por conta da fome ou de doenças causadas pelas más condições das populações que viviam na região. “Precisamos acabar com esta ideia do combate à seca. Precisamos aumentar a capacidade de estoque de água, alimentos e forragem para os animais”, lembrou Pires falando da importância de adotar a convivência com o Semiárido. Ao final, Pires provocou a Assembleia a assumir o debate acerca do fechamento das escolas do campo no Estado, que têm agravado ainda mais o problema das populações do campo não conhecerem sua própria realidade.

O evento contou também com a presença do candidato à Presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Guilherme Boulos, que destacou a importância de investir em políticas públicas como o Programa Cisternas.“Tudo o que foi dito aqui nos reforça a ideia de que um programa que se volte para as maiorias do nosso país tem que ser um programa calcado em investimentos públicos. É impressionante o dado que no ano passado foi o ano que menos se construiu cisternas, no meio de uma das maiores secas do século. Isso é um contrassenso, isso é colocar o interesse econômico à frente do interesse social”, disse Boulos ressaltando o dado apresentado pela ASA acerca da redução na construção de cisternas de primeira água.

Durante a audiência foram debatidos temas como mudanças climáticas, desmatamento da Caatinga e a emergência de ações que mitiguem os efeitos da desertificação no Estado. Além disso, houve destaque para o papel das mulheres na convivência com o Semiárido a contribuição delas para o desenvolvimento da região, gestão das águas e dos recursos naturais.