Agrobiodiversidade
11.05.2018 CE
Encontro Estadual reúne campo e cidade para debater Agroecologia e Democracia

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Foto: João Marcos

A abertura do Encontro Estadual de Agroecologia do Ceará, evento preparatório para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), ocorreu durante a Feira Agroecológica e Solidária de Sobral, na Praça de Cuba, ponto central e histórico da cidade.

Durante a fala de abertura, Alexandre Pires, membro da executiva da ANA, ressaltou que o ENA não se resume apenas aos dias de encontro, mas a todo o processo de mobilização que une campo e cidade em torno do debate sobre a Agroecologia. Para Marcus Jacinto, coordenador estadual da ASA, o encontro estadual deve buscar uma efetivação cada vez maior das diversas experiências que o Ceará vem construindo para levá-las ao encontro nacional. “Devemos juntos buscar impactos positivos para as pessoas que vivem no campo”, afirma.

Itauana Rodrigues (11 anos) e Claudiomar Farias (10 anos), crianças da comunidade Carauno, do município de Forquilhas, recitaram Literatura de Cordel para exaltar a importância da luta pela Agroecologia. “FETRAECE e sindicatos / Lutam incansavelmente / Para não usar agrotóxico / Pois destrói os nutrientes / Com a Agroecologia / A produção é sadia / Precisa ser consciente”, diz o cordel de autoria de Eloina Rodrigues.

Foto: João Marcos

A Roda de Conversa “Agroecologia e Democracia: unindo Campo e Cidade” reuniu diversas entidades e movimentos no Centro de Treinamento de Sobral (Cetreso). Ricardo Cassundé, do Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Terra (MTST), pontuou que não é possível falar sobre agroecologia, se os camponeses não têm acesso a terra. “Pensar em Agroecologia é pensar em um projeto de sociedade, em um projeto de campo, um projeto de formação. O centro da agroecologia está no ser humano”, afirma. Cassundé ressaltou que não tem Agroecologia sem Democracia. “A agroecologia passa pela democracia, pelos meios de produção e pela disputa de direitos”, garante.

Ver a agroecologia em uma perspectiva ampla também é uma preocupação de Edivania Costa, do Movimento Ibiapabano de Mulheres (MIM). Para ela, é preciso pensar sobre a divisão justa do trabalho doméstico e sobre as diferenças entre o trabalho produtivo e reprodutivo. “A dupla jornada é um grande desafio para efetivar a participação política das mulheres. Além de produzir, elas têm que realizar as atividades domésticas”, conta.

Já Joseli do Nascimento, representante das comunidades quilombolas, afirmou que a Agroecologia conversa com diversos setores e não se limita a um quintal sem veneno. “A Agroecologia vai muito além do viés econômico Não adianta ter um roçado agroecológico, e chegar em casa e bater na esposa. A gente tenta trabalhar isso nos territórios. É um trabalho de formiguinha.”, relata.

Para encerrar as reflexões da manhã, Andrea Sousa, coordenadora de projetos do Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, convidou os presentes a pensarem como a Agroecologia contribui com a efetivação da Democracia. “O encontro estadual não vai acabar aqui. Nem o ENA acaba em Belo Horizonte. Como é que, através da Agroecologia, a gente olha os territórios e denuncia as injustiças? Como é que a Agroecologia vem contribuindo no processo de democratização no país?”, questiona.

O evento está reunindo representatividades de movimentos sociais, organizações não governamentais e sociedade civil e está sendo realizado pelo Fórum Cearense pela vida no Semiárido, Fórum Microrregional pela vida no Semiárido de Sobral, Rede ATER Nordeste Tramas e a Residência Agrária em parceria com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Projeto Paulo Freire (PPF) e o Governo do Estado do Ceará.