Agroecologia
08.05.2018 RN
Rio Grande do Norte conclui etapa estadual rumo ao IV Encontro Nacional de Agroecologia
II Encontro Potiguar de Agroecologia (EPA) aconteceu nas dependências da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (CECAFES), em Natal

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Por Tádzio Estevam - Assessor de Comunicação da Diaconia

Encontro potiguar rumo ao IV ENA fortalece debate sobre território no estado.

O Rio Grande do Norte já está pronto para participar do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) que acontecerá no próximo dia 31 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Organizações potiguares que se relacionam diretamente com a Agroecologia estiveram reunidas no último sábado (05) para estruturar a caravana que irá representar o estado no evento, assim como sistematizar a experiência que será apresentada na instalação artístico-pedagógica, no caso a Chapada do Apodi. O II Encontro Potiguar de Agroecologia (EPA) aconteceu nas dependências da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (CECAFES), em Natal.

Logo no início do dia, uma feira de saberes e sabores foi montada para receber o público que participou do evento e as pessoas que frequentam a Cecafes normalmente. Foi possível adquirir, dentro do princípio do comércio justo, hortaliças, frutas, verduras, tubérculos, bolos, ervas, sementes, tudo produzido sem agrotóxico. “Somos de Maxaranguape, do assentamento Vale Verde, a 60 km de Natal. Eu, meu marido e filhos cuidamos da nossa terra de seis hectares com muito carinho. Lá tudo é agroecológico, assim como a nossa relação com as pessoas e com o meio ambiente”, disse a agricultora Maria Luíza Coelho, cuja banca funciona diariamente na feira da Cecafes. Assim como ela, seu Antônio Rodrigo do Rosário, mais conhecido como Golinha, agricultor da Chapada do Apodi e assessorado pela Diaconia, também levou seus produtos para a feira de saberes e sabores, o que atraiu olhares bastante atentos do público. Na banca, mais de 300 variedades de sementes, cascas de árvores e ervas. “Aqui nós temos sementes crioulas, feijões, favas, gergelim, jerimum, melancia, sementes para recuperação de solo, entre outras. Também estamos realizando a troca de sementes, um dos princípios da Agroecologia”.

Após a feira introdutória do encontro, as pessoas se dirigiram ao auditório da central para a roda de conversa. Lá, compuseram a mesa central a vereadora Isolda Dantas que é ligada aos movimentos agroecológicos no Rio Grande do Norte; a jovem Katiana Barbosa, militante de movimentos femininos e camponeses e o jovem agricultor Suan Alisson. A apresentação da mesa e também a mediação dos debates ficou por conta do coordenador estadual da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Marcírio Lemos. “Unir o campo e a cidade. Este é o nosso principal desafio, assim como preparar uma boa apresentação que irá nos representar no IV ENA por meio da instalação artístico-pedagógica. Também vamos discutir os nossos processos de resistência com relação ao desmonte de várias conquistas do nosso povo”, disse Marcírio.

Durante o debate, a vereadora Isolda Dantas chamou atenção para a Democracia, um dos temas do IV ENA. “A democracia está diretamente ligada à Agroecologia. Ela é o único regime político que permite às organizações sociais a existirem. O único regime que permite se adequar ao tempo para que direitos sejam exercidos e novos direitos sejam criados. Infelizmente, nossa sociedade ainda é muito antidemocrática. Por isso estamos vivendo esse cenário na política, na economia e na garantia de direitos. Precisamos combater a naturalização da desigualdade para vermos aquilo que acreditamos florir, a exemplo da Agroecologia”, justificou. Para Katiana Barbosa, “a Agroecologia é muito mais que plantar produtos sem agrotóxicos. É como nos relacionamos com a sociedade, seja no movimento de mulheres, juventudes, discutindo e lutando por um mundo igual”.

A última etapa do encontro estadual foi a escolha dos delegados e delegadas que irão representar o Rio Grande do Norte no ENA Nacional. A escolha se deu democraticamente atendendo aos critérios da organização do encontro nacional sendo composta por 70% de agricultores e agricultoras, 30% pelas juventudes e populações tradicionais, e desse total 50% de mulheres. Essa delegação será responsável pela estruturação da instalação que irá retratar a Chapada do Apodi.