Convivência com o Semiárido
26.03.2018 AL
Água e produção agroecológica são pautas de evento que reúne organizações e agricultores/as em Alagoas

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Por Eline Souza - Comunicadora Popular CDECMA

A situação do Rio São Francisco também foi ponto de pauta do evento | Foto: Eline Souza

“Água é um direito, não uma mercadoria!”; “Sementes que se plantam rumo ao IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA)”, e a feira agroecológica da agricultura familiar foram as principais pautas da primeira reunião ampliada da Articulação Semiárido Alagoano (ASA/Alagoas), deste ano. O evento reuniu agricultores, agricultoras, técnicos, comunicadores (as) populares e os integrantes da coordenação da rede ASA que discutiram a partir destes temas políticas públicas para convivência com o Semiárido. O evento aconteceu na Associação de Agricultores Alternativos (AAGRA), em Igaci-AL, nos dias 22 e 23 de março.

Foram dois dias de troca de conhecimento sobre questões socioambientais, dentro da conjuntura em que vive o país e principalmente a agricultura familiar. O representante da ASA/Alagoas, Ronivom Nascimento disse que “a gente precisa se conscientizar que o governo está tirando o pouco que temos e transferindo para o grande. Já foram cortados 95% dos recursos destinados para os programas sociais”.

Ele destacou também a situação do rio São Francisco que foi impactado com a obra de transposição e encontra-se agonizando. Além da reflexão sobre a situação do Velho Chico, outros participantes avaliaram o cenário das nascentes e rios no Estado.

“Na comunidade onde vivo os riachos não tem mata ciliar. Os terrenos são tudo descoberto. Mas, no meu terreno ainda deixo um pouco de vegetação perto de um riachinho, onde aparece muito camaleão. E só aparecem porque ainda tem vegetação”, disse o agricultor Marcos dos Santos, da comunidade Brasilinha em Ouro Branco-AL.

Na plenária foi lembrado o retrocesso nas políticas públicas voltadas para o Semiárido | Foto: Eline Souza

Em roda de conversa os participantes falaram da situação do campo e as estratégias de resiliência para viver no Semiárido. Também, foram feitos debates e trabalhos em grupo (GT) para avaliar e encaminhar estratégias de convivência relacionadas à comunicação popular, as sementes, a juventude, as mulheres, a produção e comercialização.

Programas sociais

Os Programas desenvolvidos pela ASA Brasil têm contribuído para fortalecer a agricultura familiar e a produção de alimento. Segundo a agricultora familiar Vera Lúcia da comunidade Barro Branco em Inhapi: “antes de conquistar  a cisterna para água de beber era uma vida muito difícil, porque não tinha um local para armazenar a água. A gente pegava água para beber em barreiros e a qualidade era péssima. Agora melhorou cem por cento com a cisterna, porque tenho água de beber e de produzir. A cisterna de 52 mil litros é boa para minha produção, porque consigo ganhar um dinheiro extra com o que produzo”.     

O agricultor Marcos dos Santos da comunidade Brasilinha, também avaliou os benefícios que conquistou através dos programas sociais. “Antes da cisterna minha vida era dificultosa, porque a gente procurava água nas barragens e barreiros, e usava essa água para tudo. A água não era de boa qualidade e sempre nos causava problemas com doença, tipo diarreia. Hoje o quadro melhorou muito. A água da minha casa é de boa qualidade, dificilmente falta. Se faltar e a gente precisar comprar já têm onde armazenar. E agora com a segunda água tenho a capacidade de produzir algumas hortaliças para consumo”.

A reunião ampliada da ASA que tem o objetivo de discutir e traçar estratégias para convivência no Semiárido acontece a cada dois meses.