FSM 2018
16.03.2018 BA
Caminhos para Convergências Agroecológicas - Água, Terra, Vida foi tema de mesa redonda do FSM

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Por Comunicação do Comitê de Convergências Agroecológica

A agroecologia como fonte que sustenta a vida foi um dos princípios que norteou as falas dos debatedores da mesa

Na tarde da última quarta-feira (14), durante o Fórum Mundial Social (FSM), na Universidade Federal da Bahia (UFBA) - Campus Ondina, em Salvador/BA, a Tenda de Convergências Agroecológicas contou com mesa redonda para promover uma série de diálogos e reflexões voltados para a temática: “Caminhos para Convergências Agroecológicas - ÁGUA, TERRA: VIDA”. A mesa teve participação dos/as debatedores/as Naidison Baptista (Articulação Semiárido Brasileiro), Irene Cardoso (Associação Brasileira de Agroecologia), Graciete Santos (Casa da Mulher do Nordeste), Germán Nino (Red Latinoamericana sobre Deuda, Desarollo e Derechos), sendo mediado por Elisângela Araújo (Fórum Baiano de Agricultura Familiar).

As ações do Comitê são organizadas por entidades que fazem parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Articulação de Agroecologia na Bahia (AABA) e do Fórum Baiano da Agricultura Familiar (FBAF), que propõe refletir sobre a transformação social, compreendendo o significado da agroecologia como um modelo de desenvolvimento sustentável, que valoriza a vida e a diversidade, ao contrário do agronegócio, que deixa rastros de exploração e destruição.

“Agroecologia é vida”. Essa foi a definição que direcionou as falas de resistência no sentido de criar e transformar as relações sociais, como é proposto pelo FSM 2018, levando a agroecologia como um principio fundamental na construção e perspectiva de que outro mundo é possível, contrapondo um modelo de sistema capitalista que destrói cada vez mais as terras, águas e vidas. “Não queremos agroindústria, com grande utilização de agrotóxicos. Queremos um meio viável de vida!”, expressou o colombiano Gérman Niño.

Em seguida, durante o debate, a integrante da Casa da Mulher do Nordeste, Graciete Santos, ressaltou a importância do empoderamento das mulheres nos processos de transição agroecológica, por entender que a mulher tem papel fundamental em todos os espaços. Enfatizou o protagonismo feminino no trabalho e cuidados com as terras, águas, vidas e relações sociais. “A agroecologia está aqui como um movimento politico, como prática, como ciência, ela traz uma proposta de projeto para a sociedade. Esse propósito que questiona o modelo da agricultura que destrói, questiona os modelos das relações, das pessoas com a natureza”, frisou Graciete.

Ainda com olhares e reflexões sobre as convergências e práticas agroecológicas, Irene Cardoso provocou inquietações: “O que estamos comento? Como pensamos e vivemos a agroecologia no nosso dia a dia”, questionou. A integrante da Associação Brasileira de Agroecologia destacou a importância das relações harmoniosas com a natureza em contrapartida da Revolução Verde, que coloca a humanidade à serviço de empresas. “As bases agroecológicas são as alternativas viáveis contra a Revolução Verde, contra esse sistema tradicional. As experiências e práticas dos agricultores/as são os movimentos que transformam a compreensão e o fazer agroecologia”, enfatizou Irene.

Ao final, esse olhar transformador também fez parte da fala do Coordenador da ASA, Naidison Baptista, que trouxe a agroecologia como parte fundamental da Convivência com o Semiárido, defendido pela ASA, que luta e busca a conquista de políticas públicas que garantam os direitos dos povos. “Agroecologia é um modo de viver que implica que as pessoas estejam bem consigo e com a natureza, aqui o sujeito assume o controle da sua vida e nesse processo de construção, de conviver com o Semiárido, com a natureza, transformando sua realidade”, afirmou Naidison, que traçou alguns elementos desse contexto de construção, como: plantar, colher, cuidar e guardar, que são práticas das famílias do campo nesse novo mundo possível e mais digno de se viver.