Convivência
30.11.2017 BA
Feira de Santana sedia encontro sobre educação contextualizada do campo

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Por Robervânia Cunha - Programa de Comunicação do MOC

O que educação contextualizada tem a ver com convivência com o Semiárido? | Foto: MOC

Durante três dias professores e professoras de diferentes lugares e escolas compartilharam saberes e somaram conhecimentos no Intercâmbio e Troca de Saberes e Fazeres do Projeto Cisternas nas Escolas, atividade realizada na 3ª Etapa do projeto, nos dias 22, 23 e 24, na cidade de Feira de Santana, no estado da Bahia. O objetivo seguiu justamente essa linha de criar oportunidades para os/as docentes partilhar suas práticas e aprofundar as perspectivas de implementação da Educação Contextualizada para o Semiárido. O Movimento de Organização Comunitária (MOC) realizou o encontro, através do Programa Cisternas nas Escolas, uma ação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

O encontro foi iniciado com um assunto extremamente importante, a realidade do país, mas precisamente debatendo sobre a atual conjuntura, com a provocativa: “O que o Semiárido perde com a crise?” A reflexão foi mediada por Climério Vale, um dos coordenadores da ASA Bahia, e as falas soaram entorno das perdas de conquistas que vêm ocorrendo, assim como a postura que os povos do campo estão assumindo para lutar e defender os direitos e garantias de políticas de Convivência com Semiárido. Outro elemento que surgiu neste debate foi o papel da Educação e dos professores/as nesse cenário.

Os professoras/as que participaram representavam as escolas onde aconteceu a implantação das cisternas e também as instituições que passaram pela formação “Educação do Campo Contextualizada”, realizada pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb), Articulação Sindical Rural da Região do Lago de Sobradinho (ASS Remanso), Associação Regional de Convivência Apropriada ao Semiárido (Arcas) e o MOC. Além de presenças de representações das entidades.

O segundo momento do encontro foi uma mesa de debate com Agnaldo Rocha, como representante da ASA Bahia, que discorreu sobre “Convivência com o Semiárido-Histórias, Saberes e Fazeres no Semiárido brasileiro/baiano”; Felipe Silva, do IRPA, falando sobre “Educação Contextualizada - Concepção, Práticas Pedagógicas no chão das escolas do campo do Semiárido baiano”; e com Vera Carneiro, do MOC, fazendo uma análise sobre como a “Educação Contextualizada aprofunda a Convivência com o Semiárido”.

Segundo Agnaldo, que trouxe a história de construção e articulação da ASA, com muitas lutas, resistências e ocupações na busca por acesso às políticas públicas como direito, na garantia de uma vida mais digna para o povo do Semiárido. Ele mostrou como algumas conquistas foram tomando corpo e mostrando esse outro Semiárido, que sai da era do coronelismo e de combate à seca, passando a construir outro contexto, o de Convivência. “Nós Saímos de uma visão perversa do Semiárido, para mostrar um Semiárido possível (...). E aí a gente construiu uma revolução nesse Semiárido com a ASA”, frisou Agnaldo emocionado.

Esse processo de convivência vem para quebrar os estereótipos de que o campo não é viável, que para se viver bem precisa procurar grandes centros urbanos, realidade que por muitos anos foram apresentadas em vários espaços da sociedade, assim como na salas de aula das escolas do campo. Aí vinha o maior incentivo a rejeição do espaço rural e a procura por outros destinos. A fala de Felipe foi nesse sentido, apresentando sua própria história, como exemplo de discriminação do campo. “Vocês percebem como é difícil trabalhar com essa filosofia da Educação Contextualizada?”, questiona Felipe, que frisou muitas questões provocando o pensar dessa pedagogia diferenciada.

Um resgate sobre a história da educação no Brasil foi feito por Vera, expondo, na sua fala, como a educação era centralizada para poucos e como demorou em se construir educação pública no país. E abordou ainda um pouco do caminho da Educação Contextualizada. “Estamos com 17 anos de Educação Contextualizada para a Convivência no Semiárido. É uma educação que parte do conhecimentos que a comunidade tem, que junto aos/as professores/as, vão construindo aprendizados, ”, destacou Vera.

O encontrou seguiu com o momento de intercâmbio de experiências com a seguinte temática: “Saberes e Fazeres do Projeto Cisternas nas Escolas: garantindo o direito à água e Educação Contextualizada”. A troca de vivências foi o ponto alto deste momento que seguiu para trabalhos e apresentações de grupos por entidade a partir dessa reflexão.