Políticas Públicas
02.10.2017 AL
Políticas públicas garantem vida digna para famílias agricultoras do Semiárido Alagoano
A experiência de Francisco de Assis é uma das iniciativas que ratifica a importância das políticas de convivência para garantia de vida de agricultores/as no Semiárido

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Por Elessandra Araújo – Comunicadora Cdecma

Seu Preguinho tem uma produção diversificada e conta com tecnologias de armazenamento de água para se manter em períodos de estiagem prolongada | Foto: Elessandra Araujo

“Aqui nada se perde, porque uma produção ajuda a outra. E aí, eu tenho alimento e protejo a natureza. Quando comecei a atividade com as abelhas eu tive mais informações de como produzir, passei a cuidar da natureza. A plantar mais árvores, a não queimar, não desmatar e não usar agrotóxico. E isso é bom para todo planeta. Então eu cuido dessa roça com muito amor, porque adoro ser agricultor”, disse Francisco de Assis.   

Com muito esforço e dedicação o agricultor, conhecido popularmente como Preguinho, mantém na área de roçado, a criação de ovelhas, de aves, abelhas e o cultivo de hortaliças. Ele diversifica a produção agroecológica e consegue ofertar para a sociedade alimentos de qualidade como alface, couve, rúcula, tomate-cereja, coentro, cebolinha, ovos de galinha caipira, mel, batata-doce, além, de conservar espécies de plantas nativas da caatinga, o plantio de capim, de milho, frutíferas e ervas-medicinais.

Há dezesseis anos que Preguinho produz na propriedade, localizada na comunidade Olho D´água do Negro em Maravilha (AL), mas segundo ele, foi através dos cursos e intercâmbios realizados através dos Programas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), desenvolvidos pelas entidades que integram a ASA Alagoas, e a participação na Associação dos Apicultores de Maravilha (Apimar), que conseguiu fortalecer a produção.  

“O agricultor precisa de políticas publicas para conseguir produzir. A gente precisa de formação, assistência técnica e de reservatório para armazenar a água no período de chuva, porque no período de estiagem fica difícil produzir. Se não fosse a cisterna-calçadão de 52 mil litros, não conseguiria manter a produção até agora”, avaliou Francisco.

São as políticas de convivência com o Semiárido que garantem a autonomia das famílias agricultoras, a segurança alimentar, nutricional e hídrica. Essas políticas são defendidas pela ASA, e o agricultor Francisco de Assis é um exemplo de que é possível produzir com sustentabilidade no Semiárido alagoano. Quando a agricultura é valorizada se conquista meios para produzir.

 

Assistência para produção

Em parceria com o Instituto Federal (IFAL) Campus Santana do Ipanema, o Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha (Cdecma) apoia um bolsista para contribuir com o fortalecimento da produção do agricultor Francisco de Assis. Porém, a assistência técnica que compete ao poder público não está à disposição das famílias agricultoras do município.

Apesar de ser um direito garantido na Constituição Federal de 1988 e na Lei Agrícola de 1991, as quais determinam os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) de forma pública e gratuita para os/as agricultores/as familiares, esta ação vem sendo negligenciada nas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal. E com o desmonte das politicas públicas, a agricultura familiar enfrenta grandes desafios para produzir alimento de qualidade, conquistar a soberania alimentar e viver com dignidade no campo.