APICULTURA
18.09.2017 AL
Com boa invernada, apicultores de Alagoas estimam coletar 5 mil quilos de mel até o fim do ano

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Por Elessandra Araújo – comunicadora do Cdecma

Depois de anos de seca, as chuvas reacendem esperança das famílias agricultoras e garante boa colheita de mel | Foto: Elessandra Araujo

“A florada de plantas rasteiras da caatinga está muito boa devido às chuvas. Também, as colmeias estão em áreas que não se usa agrotóxico. Então, esses fatores garantem um mel puro, alimento mais saudável e maior produção”, disse animado o apicultor Amilton Bezerra dos Santos. Ele faz parte da Associação dos Apicultores de Maravilha (Apimar) e junto com outros 12 apicultores tem boas expectativas para a colheita de mel deste ano. Somente na primeira extração de mel, eles colheram 652 kg de mel de qualidade e, portanto, há uma estimativa de que até o final deste ano, eles consigam coletar cerca de 5 mil quilos de mel.

Ainda, de acordo com Amilton Bezerra esse ano possivelmente os apicultores farão quatro extrações de mel. “Acreditamos que a produção de 2017 vai superar a dos anos de 2012 a 2016, e que o número de extração de mel será de quatro, podendo chegar até mais. Se o tempo não estiver chuvoso, de vinte em vinte dias a melgueira pode ser extraída. E estima-se que a produção por melgueira é de onze quilos e trezentas gramas”.           

Os sócios da Apimar, que está localizada no Sítio São Luiz, no município alagoano de Maravilha, veem a apicultura como uma alternativa para fortalecer a agricultura familiar. Para executar essa atividade de forma associada, eles participam de formações organizadas por entidades que integram a Articulação Semiárido Brasileiro em Alagoas (ASA- Alagoas) e outras entidades.

Atualmente, a associação conta com 28 apiários. A atividade é desenvolvida em pequenas áreas, porque as terras que eles dispõem são poucas e alguns dos apicultores precisam colocar os apiários em propriedades de amigos. Esse fator contribui para que a quantidade de colmeias e a produção sejam diferenciadas entre os apicultores.

Embora haja diferença na quantidade de colmeias por apicultor, no período de extração do mel eles trabalham de forma associada e dividem os trabalhos em mutirão. Um grupo vai para as colmeias buscar as melgueiras e o outro fica na casa do mel para fazer a extração. Do total de mel obtido, cada apicultor repassa 10% para o fundo da Apimar. O fundo é para apoiar nas despesas da entidade.

O trabalho de coleta e extração do mel é feita de forma coletiva na comunidade | Foto: Elessandra Araújo

Os associados se esforçam, desde 2008, para manter e ampliar a atividade de apicultura, mas para conseguir inserir o produto no mercado, é necessário o Selo de Inspeção Municipal (S.I.M). E mesmo com a aprovação, em 2016, do Projeto de Lei do SIM no município de Maravilha, os apicultores dependem, dentre outras coisas, da constituição de uma equipe de inspeção com médicos veterinários e auxiliares de inspeção capacitados, mas isto ainda não foi feito.  Esse é um dos fatores que dificultam o desenvolvimento da agricultura familiar e impedem o fortalecimento da economia local. 

Comercialização e PNAE

A chuva trouxe esperança para agricultura familiar e incentivou o cultivo na roça, a produção de hortaliças e a criação dos pequenos animais. No entanto, as agricultoras e os agricultores precisam superar os desafios para produzirem no campo, devido à fragilidade de assistência técnica no Estado, a falta de incentivo e organização da produção do município e a dificuldade de comercialização. Essa dificuldade se estende também em inserir os produtos da agricultura familiar na alimentação escolar através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

“Até agora não existe expectativa de inserir o mel e outros produtos da agricultura familiar de Maravilha na merenda escolar. O município abriu edital no inicio do ano, mas foi geral, onde outras entidades de municípios diferentes poderiam participar. Também, devido à estiagem, não tínhamos a quantidade dos produtos para concorrer ao edital. Por isso, em julho, o secretário de agricultura e técnicos realizaram uma reunião com os agricultores no auditório da prefeitura. Eles fizeram um levantamento dos produtos da agricultura familiar. Saímos com a promessa que em agosto fariam uma segunda chamada para merenda escolar, mas até agora não temos nenhuma informação. E temos condições de oferecer mel de qualidade para merenda”, disse o apicultor Amilton Bezerra.   

Enquanto esperam por politicas públicas de direito no âmbito municipal, estadual e federal, que garantam o fortalecimento da agricultura familiar, agricultoras, agricultores, apicultores trabalham para produzirem alimentos de qualidade e sobreviverem no Semiárido alagoano.