Povos Tradicionais
17.08.2017 MA
Mulheres extrativistas de Chapadinha, no Maranhão, assinam convênio para a produção de óleo de coco babaçu

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Por Comunicação da ASA Maranhão

Foto: Comunicação ASA Maranhão

Foi realizada nesta terça-feira (15), no Povoado Canto do Ferreira, distrito de Chapadinha (MA), a solenidade que marca a oficialização do convênio de cooperação financeira entre a Fundação Banco do Brasil (FBB) e a Associação das Quebradeiras de Coco dos Projetos de Assentamento de Chapadinha (MA). O aporte de recursos é da ordem de 238 mil reais destinados à construção e compra de equipamentos para a produção de óleo de coco babaçu, advindo da produção extrativista local e regional, fortalecendo a economia popular e solidária e promovendo o extrativismo sustentável dos babaçuais.

Luciene Figueiredo, secretária-adjunta de Extrativismo da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SAF) do Maranhão e Juvenal Neres, coordenador executivo da ASA pelo Estado do Maranhão. | Foto: Arquivo Pessoal

Estiveram presentes na solenidade a Presidenta da Associação, Sra. Gracilene Cardoso, o coordenador executivo da Rede ASA Maranhão, Juvenal Neres, a representante da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), Sra. Luciene Figueiredo, o prefeito municipal de Chapadinha (MA), Magno Bacelar, o representante da Câmara Municipal de Chapadinha, vereador Netinho do Vale, o Diretor do SEBRAE – Escritório Regional de Chapadinha, David a representante da UFMA – Campus Chapadinha, profa. Dra. Ana Paula Ribeiro, o gestor regional da AGERP-MA (Escritório Regional de Chapadinha), Gilvanildo Ramos. A presidenta da associação e uma das beneficiárias em sua fala de destaque, Gracilene Cardoso, relata a importância desta grande obra para as mulheres, para a comunidade e para a zona rural de Chapadinha: “Foi e está sendo uma luta árdua e agradeço a todos os envolvidos até aqui. Sem parcerias não seríamos o suficiente para enfrentar este desafio”, relata. Para o coordenador da Rede ASA Maranhão, “o papel da ASA é de visibilizar os excluídos historicamente e empoderar o povo camponês. Iniciativas como essa faz com que passamos a acreditar cada vez mais no potencial da mulher extrativista e camponesa, assim como o potencial dos nossos companheiros agricultores, precisamos cada vez mais fazer com que os camponeses se sintam os protagonistas de suas histórias. Estamos felizes com a conquista das mulheres do Canto do Ferreira!”, relatou Neres.

Para o prefeito de Chapadinha, estas parcerias são importantes para o município e sempre serão bem-vindas as contribuições para a população rural do município, pois desenvolve a cadeia produtiva e fortalece a economia local, dando mais rentabilidade e qualidade de vida às famílias.

Esta conquista é fruto da iniciativa das extrativistas, com a parceria e assessoria da Articulação Semiárido (Rede ASA Maranhão), do curso de Agronomia da UFMA – Campus Universitário de Chapadinha, por meio dos professores doutores James Ribeiro Azevedo e Telmo José Mendes, a Agência Estadual de Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (AGERP – Escritório Regional de Chapadinha) e do Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedorismo (SEBRAE – Escritório Regional de Chapadinha), que todos atuaram na construção do projeto e continuarão prestando toda a assessoria durante a implantação do projeto, até que as próprias mulheres possam ter todas as condições de administrar o empreendimento.

Foto: Arquivo Sebrae Maranhão

Histórico da luta das mulheres quebradeiras de coco - A Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco dos Projetos de Assentamento de Chapadinha – MA foi fundada em 2007 por 30 mulheres das comunidades Canto do Ferreira, Paiol, Nova Belém e Vila Borges. As mulheres decidiram constituir essa organização para agregar valor ao coco babaçu devido ao baixo preço da amêndoa e o desperdício do mesocarpo.

A primeira atividade realizada foi em 2007 com uma capacitação em aproveitamento do mesocarpo realizada pelas mulheres quebradeiras de coco do município de Itapecuru Mirim. No ano de 2008, as mulheres participaram de uma capacitação em artesanato de babaçu e em produção de hortaliças, sendo capacitadas 16 pessoas. A entidade que promoveu a capacitação foi o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). A produção de hortaliças iniciou-se com o apoio financeiro da Fundação ABRINQ, adquirido por meio da Agência Estadual de Pesquisa e Extensão Rural (AGERP).

Em 2009, seis mulheres participaram de uma feira em Chapadinha e comercializaram biscoito, óleo e mesocarpo de babaçu. A comercialização desses produtos estimulou as mulheres e, no ano seguinte, passaram a comercializá-los, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para quatro escolas municipais

Nos anos de 2011 e 2012 foram comercializados os mesmos subprodutos do babaçu através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para oito escolas, dois Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) e uma Casa de Passagem. Em 2012, as mulheres foram capacitadas em alimentação saudável realizada pela fundação ABRINQ com apoio da ASA, UFMA e da Universidade de São Paulo (USP).

As mulheres estiveram presentes em várias feiras de agricultura familiar em municípios do Maranhão e em outros estados, expondo e comercializando subprodutos do coco babaçu e da produção familiar. Essas viagens foram apoiadas pela ASA, FETAEMA e CONTAG. Atualmente estão concluindo uma capacitação em gerenciamento de negócios promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e SENAR.

Hoje, a Associação possui 32 associadas do Assentamento Canto do Ferreira. Estão sendo comercializados através do PNAE subprodutos do babaçu (biscoito, bolos, mesocarpo e óleo) para 26 escolas municipais e diversos gêneros alimentícios produzidos pela mão de obra familiar e livre de agrotóxicos.