Agroecologia
30.03.2017 PB
Organizações e Redes de Agroecologia visitam experiências no território de atuação do Polo da Borborema

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Representantes da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e da Rede PTA conheceram o trabalho do Polo Sindical da Borborema (PB) | Foto: ASPTA

Um grupo formado por cerca de 30 representantes de organizações e redes que trabalham pela promoção da agroecologia em diversos estados do país visitou na manhã da última quarta-feira (29), a experiência do casal de agricultores Givaldo Firmino dos Santos e Maria das Graças dos Santos, no Sítio Caldeirão, município de Esperança-PB. Os agricultores fazem parte da dinâmica de trabalho do Polo da Borborema, uma articulação de 14 sindicatos de trabalhadores rurais que atua pelo fortalecimento da agricultura familiar agroecológica há mais de 20 anos na região da Borborema na Paraíba, com a assessoria da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.

Os visitantes fazem parte de outras cinco organizações dos estados do Maranhão, Ceará, Bahia e Minas Gerais, que, no passado, fizeram parte da articulação Projetos de Tecnologias Alternativas, a chamada Rede PTA, além de representantes da Secretaria Executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), rede que une todas as organizações envolvidas na visita. O grupo esteve na Paraíba participando de uma reunião do Consórcio de organizações parceiras da entidade de cooperação internacional alemã Pão para o Mundo (Brot für die Welt).

A visita de campo fez parte de uma reunião que começou no dia 27 e se estendeu até hoje (30), no município de Areia-PB. “Essas visitas começaram a fazer parte das reuniões do consórcio e marcam o início de uma comunidade de aprendizado e de troca sobre as experiências entre as organizações, que já têm uma trajetória longa de convivência desde o surgimento da Rede PTA”, explica Bruno Prado, assessor técnico da AS-PTA que acompanhou a reunião.

O consórcio tem como objetivos facilitar a gestão dos projetos apoiados, trabalhar na construção de redes e fortalecer a incidência política no tema da agroecologia, além de trazer mais visibilidade para a temática. Para Mathias Fernsebner, oficial de programa para o Brasil da Pão para o Mundo, o momento de intercâmbio entre as organizações foi uma exigência do trabalho, diante de entidades que lidam com a agroecologia em contextos, biomas e realidades tão distintas, o que, segundo ele, fortalece o projeto.

Intercâmbio - O grupo de visitantes conheceu a propriedade de 1,5 hectare da família de Givaldo e ‘Nina’, como é conhecida, e viu de perto o conjunto de experiências que o casal desenvolve com seus quatro filhos, tais como: hortas, pomares e roçados diversificados, matas de plantas nativas, criação de caprinos, beneficiamento dos produtos da agricultura familiar entre outras, em uma produção agroecológica. “Aqui de veneno a gente quer é distância, nunca usamos, e nem queremos usar”, conta Givaldo. “Tem que cuidar da saúde para depois não ter que ir cuidar da doença”, completa Nina.

Consórcio PPMA segunda parte da visita foi um Carrossel de Experiências realizado nas sedes do Polo e da AS-PTA, no Centro Agroecológico São Miguel, em Esperança-PB. Por meio de um conjunto de instalações temáticas nas quais os visitantes iam percorrendo, foram sendo apresentados por agricultores e agricultoras e lideranças dos sindicatos do Polo da Borborema, oito temas mobilizadores do trabalho desenvolvido na região: criação animal; recursos hídricos; infância; juventude; saúde e alimentação; mercados; sementes e cultivos agroflorestais.

Andréa Sousa, assessora técnica do Centro de Pesquisa e Assessoria Esplar, de Fortaleza-CE, visitou pela primeira vez a região da Borborema e se disse impressionada com o que viu: “O bacana é a gente perceber que essa ação que acontece aqui está enraizada em todas as regiões, o que fortalece a nossa luta. Mas eu estou muito impressionada como aqui as pessoas são parte, como os sujeitos são os protagonistas, eu acho que é esse trabalho feito pela AS-PTA que fortalece esse protagonismo. Esse é o papel das assessorias e da extensão rural. Penso que as casas ou bancos de sementes podem cumprir um papel de espaços políticos organizativos. Lá, a gente fala de sementes, mas pode falar sobre tudo”, disse.

Flávia Londres, da Secretaria Executiva da ANA, destacou o papel do Polo e da AS-PTA desempenham na rede PTA: “O trabalho desenvolvido aqui é uma referência importante, por ser uma experiência rica, diversa e bastante consolidada. Mas o que chama a atenção é a compreensão que os atores têm sobre o território, do entrelaçamento das ações, do projeto político para o território. Isso tem a ver com a clareza sobre o próprio trabalho em rede, o próprio Polo é uma rede, que se articula com outras redes e aqui, hoje, o que a gente vê é o resultado dessa compreensão”, finalizou.