Comunidades Tradicionais
07.02.2017 BA
Povo Tuxá (BA) luta pelo reconhecimento de suas terras
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Por Gleiceani Nogueira - ASACom

A luta dos povos indígenas pela terra é marcada por muitos conflitos | Foto: Hugo de Lima/ASACom

Este é Ancelmo Libânio Tuxá, de Rodelas (BA). A terra que ele vivia foi inundada para construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga (antigamente conhecida como Itaparica) pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Com a chegada da grande obra, o indígena conta que a tribo perdeu sua fauna e flora. Durante décadas, os Tuxá viveram na Ilha da Viúva, nas imediações do São Francisco.

A saída do território de origem para uma área com vegetação totalmente diferente impactou na segurança alimentar dos Tuxá, que perderam alimentos que faziam parte da cultura de seu povo há gerações. Ancelmo recorda que a base da alimentação era composta de raízes (batata doce e macaxeira) e complementada por frutas nativas (umbu, seriguela, fruto do araticum e quixaba), além de leite de cabra.

“Hoje, a única comida que a gente come saudável é peixe e pequenas hortas”, disse o indígena durante sua participação no IX Encontro Nacional da ASA, realizado no Semiárido potiguar, no final do ano passado. Com essas mudanças, os produtos industrializados chegaram à aldeia.

Passados quase 30 anos da inauguração da barragem, Ancelmo e outras centenas de famílias que foram reassentadas nas proximidades da usina ainda lutam pelo direito à terra. Outra parte dos Tuxá preferiu migrar para uma região mais distante.

Assim como os Tuxá, muitos indígenas lutam pelo reconhecimento do seu território. A luta dos povos indígenas pela terra é marcada por muitos conflitos envolvendo fazendeiros e empresários do agronegócio, que se beneficiam com esses grandes empreendimentos. As barragens abastecem os perímetros irrigados cuja produção ocorre em grandes extensões de terra, com uso de venenos e aditivos químicos, causando forte degradação ambiental.