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04.11.2009
A terra da misericórdia
Jornal - Diario de Pernambuco


Por Aline Moura

O nome é convidativo. Chama-se "terra de misericórdia", qualquer um pode entrar. Localizado no alto de uma serra em Arcoverde, no Sertão do estado, o mesmo santuário onde os católicos buscam respostas para mistérios e fazem preces a Deus por graças recebidas, é o lugar de redenção para 552 famílias de agricultores.

Ali, vários trabalhadores rurais não só ouvem a palavra do Evangelho, como a praticam dia a dia, compartilhando o pão e o aprendizado. Nos sítios levantados ao redor do espaço religioso, também conhecido como Centro de Educação e Desenvolvimento Comunitário (Cedec), ainda pode até haver pobreza, mas sem fome e miséria.

Nas terras ao redor do Cedec não falta água, nem trabalho. Sobram fé e disposição para se mudar a dura realidade sertaneja. É nessas imediações que se desenvolvem vários projetos sociais de inclusão digital, apicultura, caprinocultura, agricultura sem agrotóxicos, cultivo de flores, construção de cisternas e criação de animais de pequeno porte.Tudo sob a liderança do padre Adilson Carlos Simões, 60 anos. Lá, a maioria dos homens e mulheres aprendeu a cuidar da terra e a sobreviver sem ajuda de programas assistencialistas, como bolsa-família e carros-pipas. Uma libertação para eles. Tanto do corpo quanto do espírito. Por mais simples que seja a casa de um agricultor dos sítios, não falta comida, nem oração.

Reconhecido como espaço de oração e instituição social, o Cedec começou a resgatar sonhos, priorizando ações educativas e a organização popular, sem deixar de se inspirar em Cristo. A entidade é voltada para a promoção humana de comunidades pobres, com foco no desenvolvimento sustentável e na valorização da vida. Um projeto que deu os primeiros passos ainda em 2000, mas já ganhou maturidade este ano. "Chamamos esse lugar de terra de misericórdia, porque Deus não tem nome, é inominável. Misericórdia é o coração que se compadece do ser humano. Por isso, educamos aqui para a solidariedade e partilha", ressaltou o padre.

Segundo Adilson Simões, o Cedec também recebe apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento para ajudar a libertar as pessoas; dos outros e de si mesmas. Mas ele acrescentou que, durante todo processo de construção da independência, sempre leva em conta o livre arbítrio, como faz Jesus Cristo. "Instalamos 555 cisternas só no primeiro semestre, mas só construímos nos sítios onde as pessoas querem se comprometer, cuidar da terra onde vivem. Acredite: existem aqueles que preferem dizer: 'não precisamos de cisterna, padre Adilson. A gente tem um vereador que manda carro-pipa para cá'", contou.

O padre explicou que, atualmente, seis comunidades fazem parte dos projetos sociais: Caraíbas, Fundão, Mocó, Pedra de Fogo, Pintada e Olhos D`água. A metodologia usada para qualificar o homem do campo é simples, participativa, envolve a discussão dos problemas, a análise deles e a busca de soluções com apoio de técnicos. Tudo que é desenvolvido é monitorado e debatido em assembleias periódicas e cada comunidade tem um representante. "Havia vários me

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